Política

Governo Lula dá 72 horas para a Meta explicar nova política de moderação

Para a AGU, a big tech não foi transparente sobre a decisão de encerrar a checagem de publicações

Governo Lula dá 72 horas para a Meta explicar nova política de moderação
Governo Lula dá 72 horas para a Meta explicar nova política de moderação
Mark Zuckerberg, CEO da Meta. Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP
Apoie Siga-nos no

A Advocacia-Geral da União, braço jurídico do governo federal, anunciou nesta sexta-feira 10 ter notificado extrajudicialmente a Meta, dona do Facebook e do Instagram, para cobrar explicações sobre as mudanças anunciadas em sua moderação de conteúdo. O prazo para resposta é de 72 horas, ou seja, até a tarde da próxima segunda 13.

Na última terça-feira 7, o CEO da big tech, Mark Zuckerberg, confirmou o fim do programa de checagem de postagens nos Estados Unidos e não descartou que a alteração chegue a outros países.

Chefiada pelo ministro Jorge Messias, a AGU solicitou à Meta informações sobre as providências adotadas para coibir violência de gênero, assegurar a proteção de crianças e adolescentes, prevenir atos de racismo e homofobia e conter discursos de ódio.

No lugar do fact-checking, a Meta adotará um sistema de notas da comunidade, por meio do qual os próprios usuários fariam as devidas correções. Trata-se de um instrumento semelhante ao utilizado pelo X, de Elon Musk. A Advocacia-Geral quer saber, porém, se a companhia divulgará um relatório de transparência a respeito da checagem sob o novo modelo.

A pasta também menciona outras alterações na política de moderação, incluindo — na prática — a permissão para associar pessoas LGBT+ a transtornos mentais.

Segundo a AGU, manifestações em redes sociais não podem servir para promover desinformação sobre políticas públicas ou para enfraquecer a legitimidade das instituições democráticas.

“As grandes empresas de tecnologia, a exemplo da Meta, devem assumir suas responsabilidades com o ambiente informacional íntegro”, diz um trecho da peça. A Advocacia-Geral entende que as novas diretrizes da empresa indicam o risco de violações de direitos fundamentais no ambiente digtal e de desrespeito à Constituição e à legislação brasileiras.

Mais cedo, Messias afirmou que a Meta não foi transparente sobre a mudança nos parâmetros de moderação. Se não houver resposta, prosseguiu o ministro, o governo poderá tomar medidas judiciais. Questionado sobre a chance de suspender as redes no País, disse que “isso não está sendo discutido nesse momento”.

Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), anunciou a formação de um grupo de trabalho para dialogar com parlamentares e entidades da sociedade civil a fim de aperfeiçoar as leis brasileiras na área.

As declarações foram proferidas após os ministros participarem de uma reunião com o presidente Lula (PT), na qual também esteve presente o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União).

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo