Política

Governo fala em tentativa de coagir instituições e condena ameaça dos EUA

Os Três Poderes não se intimidarão por qualquer forma de atentado à soberania, diz o Itamaraty

Governo fala em tentativa de coagir instituições e condena ameaça dos EUA
Governo fala em tentativa de coagir instituições e condena ameaça dos EUA
Os presidentes Lula e Donald Trump. Fotos: Christophe Petit Tensson e Andrew Harnik/AFP
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O governo Lula (PT) condenou, nesta terça-feira 9, as falas da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, sugerindo a possibilidade dos EUA usarem de “força militar” contra o Brasil. O Itamaraty repudiou a “tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”.

“O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia”, disse o Ministério das Relações Exteriores por meio de nota.

A pasta defendeu que o primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. “É esse o dever dos Três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania“, registrou o texto.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também reagiu às falas dos Estados Unidos. Na avaliação de Gleisi, a declaração é inadmissível e se trata de uma tentativa de livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da condenação.

“Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível”, disse. Para a ministra, o governo de Donald Trump está defendendo a “liberdade de mentir, de coagir a Justiça e de tramar golpe de estado”.

Mais cedo, a porta-voz do governo de Donald Trump foi questionada em uma entrevista coletiva sobre a possibilidade de antecipar novas punições ao Brasil ou a países europeus por supostos atos de censura. “Liberdade de expressão é o tema mais importante de nosso tempo”, disse a porta-voz. “É por isso que tomamos ações significativas em relação ao Brasil, na forma de sanções e utilizando tarifas, para garantir que países ao redor do mundo não punam seus cidadãos dessa forma”.

Ela declarou não ter qualquer ação adicional a antecipar. “Mas posso dizer que esta é uma prioridade para o governo, e o presidente não tem medo de usar o poder econômico e o poder militar dos Estados Unidos para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo.”

As falas no mesmo dia em que os ministros do Supremo Tribunal Federal começaram a proferir seus votos na ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — aliado de Trump.

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