Política
Governo exonera ministros para ‘garantir votos’ nas eleições no Congresso
Lula deixou de fora da lista de exonerações as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), que também são deputadas


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou, nesta sexta-feira 31, dez ministros do governo que possuem mandatos no Congresso Nacional. A ideia é que eles retomem temporariamente as cadeiras para votar nas eleições que definirão os próximos presidentes da Câmara e do Senado. As votações acontecem neste sábado 1º.
A prática é comum em votações importantes, de modo que os ministros devem retornar aos seus postos já na próxima segunda-feira 3.
Entre os ministros exonerados, há seis deputados e quatro senadores. Os deputados são Alexandre Padilha (PT-SP), das Relações Institucionais; André Fufuca (PP-MA), dos Esportes; Celso Sabino (União-PA), do Turismo; Juscelino Filho (União-MA), das Comunicações; Luiz Marinho (PT-SP), do Trabalho; Paulo Teixeira (PT-SP), do Desenvolvimento Agrário; e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), de Portos e Aeroportos.
Já os ministros que são senadores e foram exonerados são Camilo Santana (PT-CE), da Educação; Carlos Fávaro (PSD-MT), da Agricultura; e Wellington Dias (PT-PI), do Desenvolvimento Social. Há uma expectativa de que o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), que é senador licenciado, seja exonerado para votar amanhã. A eventual exoneração pode acontecer em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
Todos integram a base de eleitores dos candidatos favoritos aos cargos: Hugo Motta (Republicanos-PB), na Câmara, e Davi Alcolumbre (União-AP), no Senado. A dupla é apoiada pelo Planalto.
Ausências
O principal destaque na medida do governo está, justamente, nos nomes que Lula não exonerou: as ministras Marina Silva (Rede-SP), do Meio Ambiente, e Sônia Guajajara (PSOL-SP), dos Povos Indígenas.
O presidente Lula e as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas). Foto: Ricardo Stuckert
Ambas são deputadas federais licenciadas e compõem a federação PSOL-Rede, que lançou o pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) como candidato à presidência da Câmara. Caso elas fossem liberadas e seguissem a orientação da federação, haveria uma contrariedade ao apoio do governo Lula na eleição da Casa.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.