A empresa alemã Siemens entregou documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo tinha conhecimento e autorizou a formação de um cartel para licitações de obras na linha 5 do metrô na capital paulista. As informações foram publicadas nesta sexta-feira 2 pelo jornal Folha de S.Paulo.
A multinacional apresentou os registros da negociação com representantes do governo ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A empresa admitiu integrar o cartel para compra de equipamento ferroviário, construção e manutenção de linhas de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal. Em troca, a empresa pode obter imunidade caso o cartel seja comprovado.
O cartel teria começado no ano 2000, ainda no governo de Mário Covas (PSDB). O esquema seguiu na administração do também tucano Geraldo Alckmin (2001-2006) e o primeiro ano de José Serra em 2007.
O conluio, segundo os documentos da Siemens, visava formar um consórcio único para ganhar a licitação e subcontratar empresas perdedoras, o que ocorreu. De acordo com a empresa, o acordo permitiu aumentar em 30% o preço pago em outra licitação para manutenção de trens da CPTM.
O secretário estadual de Transportes no governo Covas, Claudio de Senna Frederico, disse não saber do cartel, mas não o descartou. “O preço [da linha 5] não foi acima do usual no Brasil. Ao contrário, a linha como um todo foi barata, inclusive graças ao fato de ter sido feita rapidamente, sem entraves na Justiça”, disse a Folha de S.Paulo.
O governo Alckmin informou que os documentos mostram “comunicação entre empresas privadas, sem participação de servidor público estadual”.