Política
Governo Bolsonaro desautoriza Maia em negociação por insumos da China
‘O Governo Federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês’, diz texto divulgado pela Secretaria Especial de Comunicação
Horas depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reunir com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para tentar resolver o atraso na chegada de insumos chineses para a fabricação de vacinas contra a Covid-19, o governo de Jair Bolsonaro emitiu uma nota oficial em que desautoriza o parlamentar.
“O Governo Federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês”, diz trecho do texto divulgado pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do governo federal.
Segundo a nota, a gestão Bolsonaro “vem tratando com seriedade todas as questões referentes ao fornecimento de insumos farmacêuticos para produção de vacinas (IFA)” e “o Ministério das Relações Exteriores, por meio da embaixada do Brasil em Pequim, tem mantido negociações com o Governo da China”.
De acordo com a Secom, nesta quarta-feira os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello; da Agricultura, Tereza Cristina; e das Comunicações, Fabio Faria, conversaram virtualmente com o embaixador chinês. A informação foi confirmada pelo perfil da embaixada nas redes sociais.
O Emb. Yang Wanming se reuniu hoje com o Min. Eduardo Pazuello @minsaude por videoconferência. Conversaram sobre a cooperação antiepidêmica e de vacinas entre os 2 países. A 🇨🇳 continuará unida ao🇧🇷 no combate à pandemia p/ superar em conjunto os desafios colocados pela pandemia.
— Embaixada da China no Brasil (@EmbaixadaChina) January 20, 2021
Mais cedo, Rodrigo Maia classificou como “ótima” sua reunião com Yang Wanming.
“O Brasil tem uma relação econômica fundamental e, agora, mais do que nunca. Ele abriu a conversa relatando que de forma nenhuma haveria obstáculos políticos para a exportação de insumos da China. E, claro, a gente entende que é fundamental que a gente possa ter uma atenção especial por parte do governo chinês, não apenas dos insumos para a vacina do Instituto Butantan, mas para a vacina da Fiocruz, para que a gente possa ter um volume maior de produção”, afirmou Maia em entrevista à GloboNews.
Segundo o parlamentar, Wanming trabalha com o governo chinês para acelerar a exportação desses insumos, a fim de restabelecer a produção dos imunizantes no Brasil. Sem o Ingrediente Farmacêutico Ativo, a Fiocruz e o Butantan não conseguem produzir, respectivamente, a vacina de Oxford e a Coronavac.
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