Política

Governadores de direita articulam ‘gabinete paralelo’ de segurança após operação no Rio

Reunião de governadores ocorre no mesmo dia em que ministros de Lula desembarcam no Rio para um encontro de emergência com Cláudio Castro; balanço de mortos em ação policial passa de 130

Governadores de direita articulam ‘gabinete paralelo’ de segurança após operação no Rio
Governadores de direita articulam ‘gabinete paralelo’ de segurança após operação no Rio
O governador Cláudio Castro (PL-RJ) tenta se unir a outros nomes da direita para formar um 'gabinete paralelo' de segurança no Rio. Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
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Em meio à crise gerada pela megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão – a mais letal da história do Rio de Janeiro –, governadores de direita articulam a criação de uma espécie de “gabinete paralelo” de segurança pública. O movimento ocorre no mesmo dia em que dois ministros do governo Lula (PT) desembarcam no Rio para uma reunião de emergência com o governador Cláudio Castro (PL).

De um lado, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, se reúnem nesta quarta-feira 29 com Castro para discutir os desdobramentos da Operação Contenção, que mirou o Comando Vermelho. O encontro foi convocado após troca de acusações entre o governo fluminense e o Palácio do Planalto sobre a ausência de coordenação e de pedido formal de apoio federal à ação.

Integram o “gabinete paralelo” os governadores Cláudio Castro, Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jorginho Mello (PL-SC). A primeira reunião do grupo foi realizada na manhã desta quarta, por videoconferência. No encontro, os políticos discutiram estratégias conjuntas na área de segurança pública e passaram a avaliar uma resposta política ao governo federal. Também foram convidados Eduardo Leite (PSD-RS), Mauro Mendes (União Brasil-MT) e Ratinho Júnior (PSD-PR).

O grupo defende maior autonomia dos estados e uma política mais repressiva contra o crime organizado. Caiado afirmou que colocou tropas goianas à disposição do Rio e criticou Lula por não autorizar o envio de forças federais. Já Zema declarou que o País precisa classificar facções criminosas como grupos terroristas, posição que contrasta com a do ministro Lewandowski, que entende não haver base legal para tal enquadramento.

Mortos

A tensão aumentou nas últimas horas com a revelação de que o número de mortos na operação ultrapassou 130, segundo cálculos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Durante a madrugada e a manhã desta quarta-feira, dezenas de corpos foram retirados de áreas de mata por moradores e reunidos em ruas e praças da região, como a Praça São Lucas, na Penha. As vítimas, não contabilizadas oficialmente, foram levadas por familiares e vizinhos.

O governo do Rio havia informado na terça-feira que 64 pessoas haviam morrido, incluindo quatro policiais, mas o número pode ser bem maior. Em entrevista à TV Globo, o secretário estadual de Polícia Militar, Marcelo de Menezes Nogueira, admitiu que os corpos recolhidos por moradores “a princípio” não foram incluídos no balanço oficial.

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