Política

Governador do Rio fala da desocupação de acampamentos bolsonaristas e diz que pode usar a ‘força’ se necessário

Cláudio Castro se reuniu, nesta segunda-feira, com representantes de órgãos estaduais e de segurança sobre situação atual e plano de ação para possíveis atos terroristas

O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro (Foto: CARLOS MAGNO/GOVERNO DO RJ)
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Após reunião na manhã desta segunda-feira com membros dos poderes do estado, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), afirmou que a desocupação de acampamentos bolsonaristas é feita de forma pacífica, e que não haverá prisões em flagrante no momento. Mas destacou que a Polícia Militar está mobilizada para usar “força se houver necessidade de prisão”. O governador diz ter conversado mais cedo com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e que a determinação começou a ser cumprida nesta manhã.

Nesta segunda-feira, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que estavam acampados na Praça Duque de Caxias, em frente ao prédio do Comando Militar do Leste (CML), na Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, começaram a desmobilizar, retirando faixas e pertences do local.

— Estamos falando desde ontem com o general Novaes (do CML), e a Polícia Militar está em contato com ele. Ele deixou bem claro para nós que cumprirá até o fim do dia. A PM está pronta para ser acionada caso necessário, para que nós utilizemos a força se houver necessidade de prisão. As pessoas já estão saindo, não há necessidade de prisão. As pessoas estão saindo pacificamente, a prisão será cumprida se não saírem.

Na noite de ontem, Moraes determinou a desocupação, em 24 horas, de acampamentos realizados nas imediações de quartéis e outras unidades militares que serviram para a prática de atos antidemocráticos. Segundo Castro, a Polícia Militar não atua no Comando Militar do Leste (CML) no momento.

Castro afirma, ainda, que a interpretação feita pelo estado Rio de Janeiro é que só será necessário realizar prisões em caso de descumprimento da ordem. A desocupação é feita pelo CML, e a Polícia Militar só será acionada se necessário.

— Todos os prédios públicos que tivemos alguma notícia estão com policiamento. Prédios que a inteligência detectou que havia risco tiveram policiamento reforçado e terá esforço entre 24 horas e 48 horas e mais até o fim da semana.

No começo da manhã, Castro também se reuniu com seu secretariado para discutir medidas de enfrentamento contra possíveis atos terroristas no território fluminense.

A reunião, que teve início às 10h, contou com a presença de membros do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, do Ministério Público, do Tribunal Regional Federal, da Defensoria Pública e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. O vice-governador do Rio, Thiago Pampolha, e representantes do governo do Estado, da Polícia Civil, da Policia Militar também participaram.

Mais cedo, Castro reuniu o secretariado logo cedo no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) para discutir medidas de enfrentamento contra possíveis atos terroristas no estado. Ele pediu tranquilidade à população e afirmou estar com trabalho de monitoramento com as forças de segurança em prédios públicos.

O governador afirmou que a Polícia Militar do Rio foi recomendada a agir de forma “enérgica”, caso precise, para conter possíveis atos de vandalismo como os vistos ontem no Distrito Federal.

— Minha recomendação foi clara. Qualquer ponto sensível, qualquer prédio público que manifestantes ou quem quer que seja, não sei nem se dá para chamar esse tipo de gente de ontem de manifestantes, a Polícia Militar, a Polícia Civil serão muito enérgicas. Então, a determinação clara é não deixar nem começar, e se começar, a fazer a repressão, dentro da lei, óbvio, mas fazer uma repressão clara, rápida, para que a gente não chegue nem perto daquelas cenas lamentáveis que a gente viu ontem de Brasília.

Fotógrafo é agredido em acampamento bolsonarista

O fotógrafo Marcos Vidal, que faz imagens para a Futura, a Agência Estado e a Folha Press, foi agredido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que estão acampados em frente ao prédio do Comando Militar do Leste, na Central do Brasil.

— Falaram que eu não podia fotografar, fazer imagem, e partiram pra cima de mim e eu revidei. Me chamavam de comunista e outras coisas — contou Vidal.

O clima é de hostilidade contra os jornalistas, cujos trabalhos são filmados por celulares. Os manifestantes começaram aos poucos a desmontar o acampamento e deixar o local carregando suas mochilas.

Os que ainda estão no acampamento começaram a retirar as faixas e cartazes com mensagens antidemocráticas da área cercada com caixotes, onde estão localizados as barracas, que ainda estão de pé.

Segurança é reforçada na Reduc e em prédios públicos

No estado do Rio de Janeiro, a segurança de prédios públicos está reforçada nesta manhã. Na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), estão atuando o Batalhão de Choque e o Regimento de Polícia Montada. Ao menos seis viaturas da Polícia Militar estão no local, das quais três dentro do complexo, além de um micro-ônibus e a cavalaria. Há viaturas da PM patrulhando o entorno e uma ambulância também está no local.

De acordo com o secretário de Polícia Militar, Luiz Henrique Marinho Pires, prédios públicos como o Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Eleitoral e a Assembleia Legislativa, estão com reforço de policiamento.

Paes pede ‘retirada de todos os objetos e barracas’ de acampamento de bolsonaristas radicais

O prefeito do Rio Eduardo Paes publicou nas redes sociais que vai reforçar a colaboração com o exército e com a polícia militar para promover a retirada do acampamento de bolsonaristas radicais na praça Duque de Caxias, no Centro do Rio. Neste domingo, o Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), já havia solicitado ao Exército que tome providência “imediata” para desmontar o acampamento.

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