Política
Sob risco de cassação, Glauber Braga ocupa cadeira de Motta na Câmara e é removido à força por policiais
Plenário da Casa deve analisar representação que acusa o deputado do PSOL de quebra de decoro nesta quarta-feira
Sob risco de cassação, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou por cerca de uma hora a Mesa Diretora da Câmara nesta terça-feira 9. Após o anúncio de ocupação, policiais legislativos começaram a esvaziar o plenário e, na sequência, retiraram-no à força. Durante a confusão, o sinal de transmissão da TV Câmara também foi interrompido, e a sessão ficou suspensa.
Trata-se de um protesto à decisão do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) em incluir na pauta desta semana a análise de parecer que recomenda a cassação de Glauber. O deputado entrou na mira dos colegas sob acusação de quebra de decoro parlamentar por ter expulsado, aos empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre.
O episódio ocorreu no ano passado. Gabriel Costenaro, que estava na Câmara na ocasião para participar de uma manifestação em apoio a motoristas de aplicativos, teria ofendido o deputado e chamado a mãe dele de “corrupta”.
“Se o presidente da Câmara dos Deputados quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa mesa diretora e até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele. Eu, ficarei aqui até o limite das minhas forças”, afirmou o parlamentar, que está acompanhado de Sâmia Bonfim (SP), sua esposa e também deputada pelo PSOL.
No momento em que o psolista ocupou a Mesa, os parlamentares faziam pronunciamentos no chamado “pequeno expediente”. Nesta fase da sessão plenária, os deputados podem se manifestar em até cinco minutos sobre os mais variados temas. A expectativa é que a Casa vote o projeto de lei que reduz penas impostas aos golpistas de 8 de Janeiro.
Veja o momento em que Glauber foi removido:
Em abril deste ano, Glauber fez uma greve de fome em protesto contra o avanço do processo de cassação, que, à época, tinha recebido o aval do Conselho de Ética. O ato durou pouco mais de uma semana e foi encerrado após um acordo com Motta, que garantiu ao deputado que o processo não seguiria um rito acelerado e garantiria a ele amplo direito à defesa.
Após ser removido do plenário, o parlamentar falou com a imprensa. “Só pedi ao presidente Hugo Motta foi que ele tivesse 1% do tratamento comigo que teve com aqueles que sequestraram a Mesa Diretora por 48h. Os caras ficaram 48h e eu fiquei nem uma hora e já foi suficiente”, disse Glauber, que estava ofegante e com seu paletó rasgado na manga direita.
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