Gilmar Mendes mantém imprensa longe de autor da facada em Bolsonaro

Revista Veja e SBT queriam entrevistar Adélio Bispo, que aguarda julgamento em presídio de segurança máxima, mas STF voltou a proibir nesta segunda

Adélio Bispo admitiu a facada contra Bolsonaro ocorrida no dia 6 de setembro

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A imprensa, em particular a revista Veja e o SBT,  pode, por ora, esquecer de entrevistar Adélio Bispo, o autor da facada contra o então candidato à presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada nesta segunda-feira 3 pelo ministro o Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

Ele manteve, assim, a decisão tomada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), de setembro deste ano, que impediu a Veja de entrevistar Bispo. A Editora Abril, dona da revista, contestou a decisão junto ao STF, em uma ação conjunta com o SBT, mas perdeu.

Com a ação, tanto a Veja como o jornalista do SBT Roberto Cabrini pretendiam abrir caminho legal para pleitear novamente uma entrevista com o suspeito.

Mas o ministro rejeitou o pedido dos veículos de imprensa destacando que conflitos podem ser gerados na relação entre liberdade de expressão e valores protegidos pela Constituição, “a chamada colisão de direitos fundamentais”.

“Nesse contexto, no processo contínuo de afirmação, positivação e concretização da liberdade de imprensa, o Poder Judiciário cumpriu e segue a cumprir papel decisivo na interpretação e aplicação de princípios constitucionais eventualmente conflitantes”, escreveu o ministro em sua decisão.

Ao analisar a decisão tomada pelo TRF-3, Mendes destacou que ela se propunha a proteger a investigação policial que estava em curso, prevenir prejuízos processuais (o direito do acusado ao silêncio) e ao próprio Adélio Bispo, cuja sanidade mental “ainda era discutível”, tornando portanto inadequada a realização da entrevista.


A Polícia Federal entendeu que Bispo agiu sozinho no dia 6 de setembro quando atacou Bolsonaro com uma faca durante compromisso eleitoral na cidade mineira de Juiz de Fora. Ele foi denunciado pelo Ministério Público e virou réu por prática de atentado pessoal por inconformismo político, crime previsto pela Lei de Segurança Nacional.

Detido no presídio federal de Campo Grande (mato Grosso do Sul), sua pena prevista é de 3 a dez anos de prisão, podendo ser dobrada por causa da lesão corporal grave causada em Bolsonaro.

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