Política
Gilmar Mendes afirma que Bolsonaro se beneficiou das fake news na eleição
O ministro do STF defendeu a criação de órgão contra as informações falsas no âmbito do Congresso, mas sinalizou que governo não deve apoiar


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, defendeu a criação de uma agência reguladora contra as fake news e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro se beneficia do esquema desde a época das eleições.
“Talvez devêssemos discutir a alternativa de termos esse órgão no âmbito do Congresso Nacional. No atual momento, certamente o governo, que foi de certa forma foi beneficiário no processo eleitoral e tem sido beneficiário mais ou menos desse uso descontrolado das informações na internet, talvez não apoiasse uma agência, qualquer que fosse seu papel, ou talvez levasse uma ação a boicotar essa agência”, afirmou o ministro, durante seminário sobre “Liberdades Comunicativas em Tempo de Crise”.
De acordo com Mendes, uma medida de autoregulação das empresas de internet já não é mais suficiente. “Precisaríamos ter talvez algum tipo de supervisão e monitoramento. O Brasil é valioso para esses provedores”, disse, ao mesmo tempo tempo que reconheceu dificuldades para a medida. “Primeiro, tem que ser um afazer contido, em que se faz algum tipo de checagem ou verificação”.
O ministro ainda associou a postura de Bolsonaro de convocar seus apoiadores a invadirem hospitais à cultura da disseminação de informações falsas e afirmou que a conduta gera “tumulto” e “algo destrutivo”.
“Veja como isso é perigoso e leva à distorção. A partir de uma informação mal estruturada, que se aproxima muito de uma fake news, nós produzimos um tumulto e ao mesmo tempo algo destrutivo”, declarou. “Nós vimos qual foi o resultado, brigadas de seguidores do partido do governo foram a hospitais fazendo esse tipo de verificação”, acrescentou.
O ministro emendou ser preciso buscar meios de “responsabilizar essas pessoas e, na medida do possível os órgãos, os provedores”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.