Política

Gilberto Kassab colocará general na presidência dos Correios

Ministro de Temer diz que a troca no comando da estatal é para facilitar a transição ao governo Bolsonaro, e nega visar cargo na próxima gestão

Gilberto Kassab colocará general na presidência dos Correios
Gilberto Kassab colocará general na presidência dos Correios
Bolsonaro já afirmou que Correios pode ser privatizada em seu governo
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O ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, decidiu trocar o comando dos Correios e colocá-lo a cargo de um militar. O atual presidente, Carlos Fortner, será substituído pelo general Juarez Aparecido de Paula Cunha, que já é presidente do conselho de administração da estatal.

A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo neste sábado 3 e confirmada por diversos veículos da imprensa, que relacionaram a decisão de Kassab a uma tentativa de alinhamento com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

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Ao jornal Folha de S. Paulo, o ministro afirmou que fez a troca “para facilitar a transição” ao próximo governo. “Juarez é um general da área de ciência e tecnologia que se aposentou, e eu já o tinha convidado para presidir o conselho dos Correios. Ele conhece o pessoal do Bolsonaro, e pensei que isso ajudaria na transição”, declarou.

Ao jornal O Globo, por outro lado, ele afirmou não saber se o general Juarez Cunha tem alguma interlocução com o presidente eleito.

Em entrevista ao portal G1, por sua vez, Kassab também adotou outro discurso. Ele disse que a mudança é interna e não tem relação com o próximo governo, e garantiu que não conversou sobre a mudança com ninguém da equipe de Bolsonaro, um capitão da reserva do Exército.

“A mudança não tem impacto na gestão. E a partir de janeiro o novo governo coloca quem eles quiserem na presidência [dos Correios]”, disse o ministro.

Em mensagem enviada a colegas dos Correios, o atual presidente da empresa teria avisado que “a transição já começou”. “Haverá mudança do estatuto, simplificando a estrutura”, afirmou Fortner no texto, segundo o Estado de S. Paulo. Ele justificou que seu sucessor “tem acesso direto à nova cúpula da presidência” e que “não haverá ingerência política como hoje”.

Gilberto Kassab ‘Ele conhece o pessoal do Bolsonaro, e pensei que isso ajudaria’, disse Kassab (José Cruz/ABr)

O diário O Globo aponta que a decisão de Kassab de colocar um militar no comando da estatal seria uma aposta do ministro para continuar à frente da pasta das Comunicações na próxima gestão. À Folha, contudo, ele negou ter feito a mudança visando um posto no novo governo.

O partido de Kassab, o PSD, decidiu adotar neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais, mas houve membros do partido que declararam individualmente apoio a Bolsonaro. Um deles foi o ex-presidente dos Correios Guilherme Campos.

Campos deixou o comando da estatal neste ano para concorrer a uma vaga de deputado federal pelo PSD em São Paulo – sem sucesso. Carlos Fortner substituiu o paulista no posto em maio.

Ao deixar a presidência dos Correios, apenas seis meses após assumir o cargo, Fortner será remanejado para uma diretoria da estatal, onde ficará somente até o fim deste ano. Em 2019 ele deve deixar a empresa, afirma a Folha.

Kassab informou aos jornais que a decisão foi definida na sexta-feira e que a mudança oficial deve ocorrer nos próximos dias, “provavelmente na segunda-feira”.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro declarou que há uma grande possibilidade de os Correios serem incluídos na lista de estatais a serem privatizadas em seu governo.

“Os Correios têm grande chance de entrar, porque o seu fundo de pensão foi simplesmente implodido pela administração petista. Hoje os Correios têm muitas reclamações”, justificou o ex-militar, em entrevista à Band uma semana antes do segundo turno.

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