“Não é por acaso que o Braga Netto é vice do Bolsonaro.”
Para o ex-deputado federal José Genoino (PT-SP), que já foi assessor especial do Ministério da Defesa no governo de Dilma Rousseff (PT), a possibilidade de que o general Walter Braga Netto seja candidato a vice com Jair Bolsonaro (PL) na eleição deste ano pode estar associada a eventuais atos autoritários durante o período de campanha.
Em entrevista ao programa Poder em Pauta, no canal de CartaCapital no YouTube, Genoino criticou a nota do Ministério da Defesa publicada na quinta-feira 31 em celebração da ditadura militar de 1964.
O texto havia sido publicado quando Braga Netto ainda estava no comando da pasta. Porém, cotado para a chapa presidencial com Bolsonaro, o militar acaba de ser exonerado do cargo.
“Temos que considerar seriamente a possibilidade de algumas aventuras”, declarou o petista. “Para mim, a nota do Braga Netto é um sinal muito negativo. Chama a atenção o ministro da Defesa, que vai ser o candidato a vice-presidente da República, ler uma nota daquele teor. Aquilo é um sinal de que tudo pode acontecer para que eles continuem governando.”
Genoino culpou a Justiça por não ter agido contra os processos institucionais desencadeados com o golpe contra Dilma Rousseff e que resultaram na eleição de Bolsonaro. Para o ex-parlamentar, determinados instrumentos políticos foram “legitimando” o que ele chamou de “autoritarismo por dentro e por fora da ordem”.
“Estamos diante de um grande risco de as regras eleitorais não serem respeitadas, nós teremos uma campanha eleitoral muito dura e certamente poderá haver atos autoritários e golpistas nesse processo”, disse.
Na visão de Genoino, o próprio campo progressista falhou em deter a ascensão de Bolsonaro durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
“[A esquerda] Não percebeu. Parte da mídia fez lorota e chacota e acabou promovendo ele. E a gente não entendeu que, no interior das Forças Armadas, formava-se um porão revanchista”, avaliou.
O ex-parlamentar disse ainda que a candidatura de Bolsonaro tem vantagens por receber o apoio de representantes da “classe dominante” e por comandar o aparato do Estado. No caso de Lula, Genoino disse que o líder petista tem que “ocupar as ruas e polarizar”.
“Não adianta achar que ele tem que ficar quieto e que é o melhor jeito de ganhar a eleição”, afirmou.
Confira a íntegra.
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