Política

GCM intimida a doação de marmitas do MTST no centro de SP pelo terceiro dia consecutivo

Na última quinta (5), guardas tentaram impedir a ação e permaneceram por 2h dentro da Cozinha Solidária do movimento

Criadas pelo MTST durante a pandemia de covid-19, hoje existem 31 Cozinhas Solidárias pelo país - MTST
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“Solidariedade não é crime”, afirma o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em suas postagens, desde que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) intensificou o constrangimento às distribuições de marmitas feitas pelo movimento no centro da capital paulista.

Nesta sexta-feira (5), militantes de Cozinhas Solidárias do MTST de outras regiões da cidade se somaram à doação de refeições na praça da Sé, como uma forma de protesto contra as intimidações da prefeitura de São Paulo, gerida pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Na última quinta-feira (4), guardas abordaram os ativistas, exigindo que tivessem autorização para a ação de solidariedade. “Como se precisasse de autorização para, num espaço público, fazer distribuição gratuita de alimentos saudáveis”, diz um integrante do MTST, em vídeo nas redes sociais.

“A gente precisou pedir ajuda de advogados para entregar marmita no marco zero da Praça da Sé”, relata Ana Paula Ribeiro, coordenadora do projeto das Cozinhas Solidárias. A justificativa dada pelos agentes, segundo ela, é que as ações são parte da “revitalização” da praça da Sé.

A GCM mobilizou, ainda, quatro viaturas e quatro motos para a sede da Cozinha Solidária do MTST, na rua Venceslau Brás, e permaneceu no espaço por duas horas. Os agentes de segurança acionaram a Vigilância Sanitária, cujos técnicos apenas confirmaram as boas condições da cozinha. Ali são produzidas 500 refeições por dia, distribuídas gratuitamente no almoço, de segunda a sexta.

Brasil de Fato entrou em contato com a GCM e a Secretaria de Segurança Urbana do município, mas não teve resposta até o fechamento da matéria.

Em nota, o MTST diz que a investida, “sem fundamento legal, é mera intimidação e mais uma ação de clara de higienização do centro”. Cecília Gomes de Souza, uma das coordenadoras da Cozinha Solidária do MTST, frisou que foi o terceiro dia seguido que a GCM tenta interromper as atividades dos voluntários.

Foi justamente nesta região central, onde vive a maior parte da população em situação de rua de São Paulo, que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fechou o Bom Prato. Enquanto o novo restaurante popular não fica pronto, a comida a preços baixos é vendida em unidades móveis, reduzindo a oferta diária do programa estadual de 4.600 para 1.300 refeições.

Vistoria

Enquanto a força de segurança da prefeitura constrange a distribuição gratuita de marmitas, os equipamentos municipais destinados à população em situação de rua estão sendo vistoriados por parlamentares nesta sexta (5). A visita está sendo organizada pelo deputado federal e membro do MTST, Guilherme Boulos (PSOL).

Entre os participantes da comissão que vai averiguar as condições dos abrigos paulistanos, estão os deputados federais Orlando Silva (PCdoB), Erika Hilton (PSOL), Juliana Cardoso (PT) e o padre Julio Lancellotti.

Principal porta-voz da Pastoral do Povo de Rua, Lancellotti publicou, no mesmo dia em que a GCM quase impediu a entrega de marmitas do MTST, fotos de um relatório que mostram comida estragada armazenada em centros de acolhimento da prefeitura.

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