Política
Fufuca escolhe ex-jogador bolsonarista para comandar Autoridade Pública de Governança do Futebol
Criada sob o governo Dilma, a Apfut supervisiona gastos das equipes e o investimento obrigatório no futebol feminino e pode aplicar penas aos times


O ministro dos Esportes André Fufuca (PP) escolheu o ex-jogador bolsonarista Washington Coração Valente para assumir o comando da Autoridade Pública de Governança do Futebol, instância que julga eventuais irregularidades cometidas por entidades desportivas.
Criada sob o governo de Dilma Rousseff (PT), a Apfut supervisiona gastos das equipes e o investimento obrigatório no futebol feminino e pode aplicar penas aos times que integram o Profut, programa de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro.
O convite foi feito por Fufuca durante um convescote em Brasília, em dezembro passado. Mas a nomeação só foi publicada no Diário Oficial da União na última semana. Isso porque o ex-jogador estava lotado na Secretaria de Esporte e Lazer de Sergipe – sua exoneração foi autorizada nesta terça-feira 12.
Desde que assumiu o ministério, Fufuca tem alocado nomes que integraram a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). É o caso, por exemplo, do secretário-executivo da pasta, Antonio Paulo Vogel, braço-direito de Abraham Weintraub na Educação durante a gestão passada.
Filiado ao PP, Coração Valente é próximo ao ministro e foi indicado ao cargo pela legenda. Nas últimas eleições, o ídolo do Fluminense chegou a ser candidato a deputado federal por Sergipe, mas obteve quase 14 mil votos e não se elegeu.
Na gestão Bolsonaro, o ex-jogador chegou a exercer por alguns meses o cargo de secretário nacional de Esporte e Lazer, até ser convidado para integrar a diretoria da Confederação Brasileira de Futebol.
Antes disso, assumiu uma cadeira na Câmara entre novembro de 2018 e abril de 2019 em substituição a Onyx Lorenzoni (à época no DEM), que fora convidado para atuar na equipe de transição do ex-capitão.
Pelo Fluminense, time do coração do ministro, Coração Valente foi campeão brasileiro em 2010 e vice da Libertadores em 2008.
A presidência da Apfut, para a qual o atacante foi escolhido, está vaga desde o início do governo do Lula (PT), quando o advogado Marcelo Contini foi exonerado. O PDT indicou Ricardo Gomyde para o cargo, mas a articulação não avançou.
Procurado pela reportagem, Coração Valente disse ver com “normalidade” as críticas à sua relação com o governo Bolsonaro.
“O importante é que nós estamos dedicados às políticas públicas no esporte, uma área muito importante para o Brasil. Vamos manter a mesma honestidade e transparência na condução dos trabalhos [na Apfut]”, disse o ex-jogador a CartaCapital.
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