Com a espada da inelegibilidade na cabeça, Jair Bolsonaro sente nas costas os floretes dos aliados. Embora falte mais de um ano para as eleições municipais, os governadores bolsonaristas dos três maiores estados do Sudeste ensaiam passar uma rasteira no “mito” e construir candidaturas próprias, ao menos nas capitais. Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Cláudio de Castro, cada um a seu modo, sonham em ocupar o vácuo de liderança extremista, caso a Justiça Eleitoral venha a inabilitar Bolsonaro. E a disputa do próximo ano é fundamental. Para tentar enquadrar o trio e evitar a morte precoce do projeto político do ex-presidente, entraram em cena nas últimas semanas o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o novo secretário de Relações Institucionais do partido, o general de pijama Walter Braga Netto.
Com as recentes movimentações para a criação de blocos partidários que reduziram o poder do partido na Câmara, aumentou no núcleo bolsonarista o temor de que a falta de nomes para as eleições municipais nas três maiores capitais do Sudeste encerre de vez o sonho da legenda de se tornar hegemônica na extrema-direita nacional. Segundo Luiz Eduardo Motta, diretor do Laboratório de Estudos sobre Estado e Ideologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a preocupação procede. “O bolsonarismo saiu do PSL e foi para o PL, mas a tendência é de que haja um esvaziamento deste à medida que parte da base do partido, que é menos ideológica e vinculada às gestões de Tarcísio, Zema ou Castro, flutue para outra legenda.”
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