Política
Flávio Dino projeta ‘dias atribulados’, mas não vê espaço para um golpe; assista à entrevista
A CartaCapital, o ex-governador do Maranhão disse acreditar em um ‘resultado positivo’ na eleição deste ano


O ex-governador do Maranhão e pré-candidato a senador Flávio Dino (PSB) disse que é “alto” o risco oferecido pela extrema-direita ao processo eleitoral deste ano, mas “menor” do que esse grupo político gostaria. Em entrevista ao canal de CartaCapital no YouTube, nesta terça-feira 26, Dino afirmou que “a própria existência do risco já é grave”, mas que “essa gente é minoritária” e não deve ser superestimada.
Dino avaliou que o contingente próximo a 30% de eleitores de Bolsonaro não corresponde a apoiadores de pautas como armamentismo e golpe. O ex-governador considera que somente uma “fração mais radicalizada e sectarizada” deve se mobilizar durante a campanha, sobretudo no 7 de Setembro.
“Eles vão fazer de novo o 7 de Setembro, mais emocionados, já vendo a derrota eleitoral se avizinhando. Serão dias atribulados, antes, durante e depois da eleição, mas não creio que eles vão ter espaço para consumar um golpe“, avaliou o pessebista. “Teremos, ao meu ver, um resultado positivo, de modo geral. Setores mais radicalizados não vão conseguir os seus objetivos.”
Para Dino, o “mundo” compreende que os militares não têm autoridade “formal” e “moral” para questionar a eleição e promover uma ruptura institucional. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) provavelmente continuará como um “candidato a ditador”, mas segue vivendo um “isolamento inédito”.
“Ele vai tentar imitar o Trump. E o desfecho vai ser o mesmo. Assim como Trump não conseguiu nos Estados Unidos, ele não conseguirá no Brasil”, disse Dino, em referência à invasão de militantes de extrema-direita ao Capitólio, após a vitória de Joe Biden.
O ex-governador afirmou considerar a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer já no primeiro turno, mas ponderou ser necessário se preparar para o cenário de disputa no segundo turno. Em relação às alianças do petista, Dino defendeu o diálogo com partidos como o MDB e o PSDB, que, ressalta ele, compõem o sistema democrático brasileiro há décadas.
“Respeitando todo o debate sobre o passado, porque ele é legítimo e não deve ser apagado, temos que colocar na frente o que é o principal em cada momento. O principal agora é isolar o Bolsonaro, impedir o golpe e garantir que o Lula possa governar.”
A entrevista está disponível na íntegra no YouTube.
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