Política

Flávio Bolsonaro representa contra Kajuru no Conselho de Ética

O filho do presidente afirmou que o senador causou ‘ainda mais instabilidade institucional’ ao divulgar ‘gravação clandestina” com Bolsonaro

Flávio Bolsonaro representa contra Kajuru no Conselho de Ética
Flávio Bolsonaro representa contra Kajuru no Conselho de Ética
Em pronunciamento, o senador Flávio Bolsonaro. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
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O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) afirmou que o colega Jorge Kajuru (Cidadania-GO) causou “ainda mais instabilidade institucional” ao fazer o que chamou de “gravação clandestina” de conversa telefônica com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia e, depois, divulgar seu conteúdo. O filho mais velho do presidente apresentou nesta segunda-feira 12, um pedido de abertura de processo disciplinar contra Kajuru no Conselho de Ética do Senado.

“Acabo de protocolar uma representação … pela sua conduta imoral, baixa, antiética de gravar o presidente da República sem o seu consentimento e, pior, sem nenhuma justa causa, sem nenhuma razão para fazer isso, ainda dá publicidade ao teor dessa conversa, mais uma vez, sem autorização e consentimento do presidente”, diz Flávio em vídeo distribuído por sua assessoria.

Segundo defende o parlamentar do Republicanos no pedido, o ato de Kajuru teria infringido o sigilo das comunicações previsto na Constituição. Para Flávio, o colega também teria acirrado a tensão entre os poderes na esteira da decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, por considerar que todos os requisitos estavam cumpridos, determinou a instauração de CPI que pretende investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia.

Na conversa com Kajuru, o presidente insiste que governadores e prefeitos também sejam alvo de apuração da CPI e cobra o andamento de pedidos de “impeachment” de ministros do STF no Senado. Ele ainda chama o autor do pedido da CPI que Barroso mandou instaurar, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), de “bosta” e diz que poderia “sair na porrada” com o senador da oposição.

“Quis o senador da República Jorge Kajuru, de modo flagrantemente incompatível com o decoro parlamentar, e até desleal, angariar dividendos políticos expondo o diálogo com o presidente da República, hipertrofiando, ao fim e ao cabo, ainda mais o clima de tensão institucional que domina o País”, alega Flávio na representação.

No entanto, o criminalista Bruno Salles, sócio do escritório Cavalcanti, Sion e Salles Advogados, aponta que, em uma conversa entre duas ou mais pessoas, qualquer uma delas pode gravar o conteúdo, independentemente de decisão judicial.

O filho mais velho do presidente alega ainda que a decisão de Barroso foi uma “invasão de competência” e acrescenta ter certeza de que o “espírito democrático” e o respeito à Constituição prevalecerão quando o plenário do STF analisar a liminar concedida monocraticamente por Barroso.

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