Política
Flávio Bolsonaro pagou 86 mil reais em dinheiro vivo na compra de salas comerciais
Rachadinhas: Senador deu respostas imprecisas durante depoimento ao MP do Rio de Janeiro
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) admitiu que usou dinheiro em espécie na compra de salas comerciais no Rio de Janeiro.
A informação é do jornal O Globo, com base nos depoimentos do próprio senador e de funcionários de construtoras envolvidas na operação.
Os relatos do senador ocorreram em 7 de julho para o promotor Luis Fernando Ferreira Gomes, no Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), no inquérito que apura a prática de rachadinha.
De acordo com a reportagem, a compra teve o uso de 86,7 mil reais em dinheiro vivo enquanto ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
Ainda segundo a publicação, o parlamentar afirmou que pediu os valores emprestados para o pai, o presidente Jair Bolsonaro, e um irmão. Flávio também citou a possível ajuda de Jorge Francisco, pai do ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, e chefe de gabinete de Jair Bolsonaro de janeiro de 2001 a março de 2018, quando faleceu.
“Eu saí pedindo emprestado para o meu irmão, para o meu pai, eles me emprestaram esse dinheiro. Tá (sic) tudo declarado no meu imposto de renda, que foi comprado dessa forma (por meio de empréstimo). Depois eu fui pagando a eles esses empréstimos. Acho que o Jorge (Francisco), que era chefe de gabinete do meu pai, também me ajudou” , disse Flávio.
No depoimento, o promotor questionou Flávio sobre como foram pagos os empréstimos feitos junto a seus familiares para custear as salas. O senador disse que também retornou os valores em dinheiro vivo.
“Não. Era em espécie, em dinheiro”, afirmou.
“O senador disse que não se recordava”, rebateu o promotor.
“Como era em família, não lembro agora exatamente como foi feito. Se foi parcelado ou uma vez só”, respondeu Flávio.
30 mil reais em casa
Durante o depoimento, o senador tambem foi indagado sobre a origem do dinheiro em espécie que foi utilizado por ele e sua família para pagar diferentes despesas pessoais ao longo dos anos.
Os promotores citaram o pagamento de 30 mil em dinheiro feito ao empresário David Macedo Neto durante a compra de um apartamento em um condomínio na Avenida Lucio Costa, na Barra da Tijuca.
“Eu tinha uma coisinha guardada em casa, preferi fazer desse jeito”, afirmou.
O promotor então pergunta: “Uma coisinha, 30 mil?”
O senador retruca que “é só isso que ele declarou aí”.
Perguntando se tinha mais dinheiro vivo em casa, Flávio afirmou que “provavelmente não” e “não guardava tanto dinheiro em casa”.
Antes, ao promotor Eduardo Carvalho, Flávio havia dito que guardava “para despesas pequenas pessoais”.
“Vou chutar aqui, devo ter R$ 8 mil em casa, de vez em quando. Não vou juntando dinheiro em casa, não”.
Sobre Queiroz, Flávio disse desconhecer a contratação de assessores extraoficiais pelo ex-assessor.
“Que eu saiba, não. Jamais permitiria”.
Os promotores perguntaram então se Queiroz teria mentido.
“Pode ser verdade (a versão de Queiroz), mas se eu soubesse, não permitiria “, concluiu
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