Jair Bolsonaro continua a curtir a fossa no Palácio da Alvorada e uma dezena de seus seguidores, cada vez em menor número, insiste em bloquear estradas e pedir intervenção militar na porta dos quartéis. O resto do País preferiu, no entanto, tocar a vida. Na segunda-feira 7, começaram oficialmente os trabalhos da equipe de transição de governo sob o comando do futuro vice-presidente, Geraldo Alckmin. Líderes partidários da aliança e representantes de legendas que decidiram nos últimos dias somar-se à base no Congresso foram indicados para o conselho político e os principais grupos temáticos tomaram forma. Listas apócrifas com os nomes de possíveis ministros circulam por Brasília, ao gosto do freguês, mas a disputa entre os novos inquilinos do poder ainda está incipiente. Lula continua em silêncio, o que estimula o mercado de apostas e as pressões, legítimas ou nem tanto.
O PT teme ser diluído na ampla coalizão e reivindica o direito de indicar um grupo próprio durante o processo, forma de garantir a ocupação de cargos de confiança nos ministérios, autarquias e estatais. Setores caros ao partido, as pastas das áreas sociais entre eles, estão na mesa de negociação. O caso mais delicado envolve o MDB e Simone Tebet, figura de destaque no apoio a Lula no segundo turno, embora a adesão tenha produzido efeito mais simbólico do que prático. A senadora e o partido insistem em ocupar o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável por gerenciar o Bolsa Família vitaminado pela garantia do pagamento mensal de 600 reais, valor a ser incluído na discussão do Orçamento do próximo ano, e pela base de beneficiários ampliada. O problema é que técnicos petistas detêm a expertise de gestão dos programas sociais, desempenho reconhecido internacionalmente, e teriam dificuldade em ceder espaço aos emedebistas. A legenda abrirá mão da vitrine eleitoral para contemplar a neoaliada e garantir a fidelidade do MDB no Congresso? Haverá uma composição?
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