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Finlândia quer parar de comprar carne do Brasil após crise na Amazônia
Presidente rotativa da União Europeia, Finlândia condena queimadas florestais e pede banimento de importações ao bloco


A Finlândia pediu que a União Europeia considere a possibilidade de banir a importação de carne brasileira, após os escândalos que envolvem o aumento de queimadas na Amazônia. A posição foi comunicada em nota nesta sexta-feira 23.
“O ministro de Finanças Mika Lintila condena a destruição da floresta amazônica e sugere que a UE e a Finlândia devam urgentemente rever a possibilidade de banir as importações de carne bovina brasileira”, diz o Ministério das Finanças da Finlândia.
A Finlândia é presidente rotativa do bloco europeu. A declaração ocorre após França e Irlanda ameaçarem rever acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, comemorado em junho pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Na quinta-feira 22, o presidente francês Emmanuel Macron pediu discussões sobre o tema em regime de urgência na reunião com os países da cúpula do G7, neste fim de semana.
Alemanha e Noruega chegaram a suspender o apoio financeiro cedido a projetos de preservação na região amazônica. A ministra alemã Svendra Schulze disse ao jornal Tagesspiegel que “a política do governo brasileiro na Amazônia levanta dúvidas sobre se uma redução consistente das taxas de desmatamento ainda está sendo perseguida”.
Em entrevista à imprensa na quinta 22, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acusou os europeus de mentirem sobre a Amazônia. “As mentiras ditas na Europa podem ser feitas. De que o Brasil é um país que desmata, de que o Brasil é um país que não cuida do seu meio ambiente. O Brasil desmata, sim, mas não no nível e no índice em que é dito”, rebateu.
No Twitter, Bolsonaro atacou o presidente francês por supostos interesses pessoais nas críticas às políticas ambientais do governo brasileiro. “Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até para fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema.”
– O Governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 22 de agosto de 2019
Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), gerados a partir de imagens de satélite, revelaram que as queimadas no Brasil aumentaram 82% neste ano, em relação a 2018, comparados os períodos de janeiro a agosto de cada ano.
A agência espacial dos Estados Unidos, a NASA, também destacou o aumento de queimadas. Foram divulgadas 21 imagens de fumaça, vistas do espaço, ocasionadas por queimadas na Amazônia. “Por mais que seja usual perceber incêndios no Brasil nessa época do ano por conta de temperaturas altas e baixa umidade, aparentemente o número de queimadas pode ser recorde”, escreveu a agência.
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