Política
Fichados pela polícia estão na linha de frente do 7 de Setembro bolsonarista
De Roberto Jefferson a Allan dos Santos, militantes miram instituições e cobram Bolsonaro, diz jornal
A tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de usar o 7 de Setembro para emparedar o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral conta com a mobilização de militantes fichados pela polícia por ações extremistas e notícias fraudulentas.
Um levantamento conduzido pelo jornal O Estado de S.Paulo identificou pelo menos 25 nomes a ocuparem a linha de frente da organização bolsonarista para o Dia da Independência. Juntos, têm cerca de 30 milhões de seguidores nas redes sociais.
Na lista estão figuras como o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), os blogueiros Bernardo Kuster, Oswaldo Eustáquio e Allan dos Santos, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e veículos de extrema-direita.
Jefferson chegou a divulgar, no domingo 4, um vídeo com ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, e cobranças a Bolsonaro.
“É o Xandão que vai estabelecer o que o povo pode fazer em 7 de Setembro? Ano passado foi um fracasso, você fez um discursinho meia boca com medo de não sei o quê. Agora você vai deixar eles mijarem em você? Poste não mija em cachorro, Bolsonaro. Reage, Bolsonaro, ou acabou. Ou pede o boné e acabou.”
O jornal obteve também um e-mail em que Allan dos Santos afirma a seguidores não ser possível “usar o ‘discurso moderado’ como ferramenta contra a tirania”. Por isso, segundo ele, o 7 de Setembro será “o dia em que vamos mostrar que nada pode ser maior que a força popular”.
Entre integrantes da lista, há ainda declarações sobre mortes de “inimigos do Brasil” e “expulsar demônios”.
No sábado 3, a quatro dias do 7 de Setembro, o próprio Bolsonaro voltou a atacar Moraes durante uma agenda no Rio Grande do Sul. No ano passado, o ex-capitão se referiu ao magistrado como “canalha” e ameaçou não cumprir decisões judiciais.
Desta vez, o presidente afirmou que quem recorreu a uma “canetada” para autorizar a operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas é “vagabundo”. Moraes foi o responsável por avalizar, a pedido da PF, uma ação contra empresários que defenderam, no WhatsApp, um golpe em caso de vitória de Lula (PT) nas eleições.
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