Política
Deltan Dallagnol, ficha suja
O TSE cassa por unanimidade o mandato de Deltan Dallagnol, com base na lei que ele tanto defendia
A carreira política de Deltan Dallagnol durou pouco, menos de quatro meses. Eleito com os votos de mais de 344 mil paranaenses, o deputado federal tomou posse em 1º de fevereiro, mas teve o mandato cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral na quarta-feira 16. Os ministros da Corte concluíram que o antigo coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba valeu-se de uma “manobra capciosa” para escapar da aplicação da Lei da Ficha Limpa, que proíbe juízes, promotores e procuradores de lançar candidatura caso tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária com processos disciplinares pendentes.
Ao entregar o cargo, Dallagnol não tinha nenhuma pendência do gênero, e chegou a obter um atestado do Conselho Nacional do Ministério Público. Mas o diabo mora nos detalhes. O ex-procurador acumulava uma penca de reclamações e sindicâncias por suspeita de uso de grampos clandestinos, violação de sigilo funcional, improbidade administrativa e abuso de poder. Não por acaso, saiu meses antes do momento exigido pela legislação eleitoral. “O pedido de exoneração teve o propósito claro e específico de burlar a incidência da inelegibilidade”, observou o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso no TSE. “A referida manobra impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite no CNMP em seu desfavor viessem a ensejar aposentadoria compulsória ou perda do cargo”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.