Política
Favela do Moinho: Lula assina plano de moradia e critica Tarcísio por tentar ‘enxotar’ pessoas
O presidente afirmou que a cessão definitiva do terreno depende da resolução das pendências para viabilizar as habitações


O presidente Lula (PT) esteve nesta quinta-feira 26 na Favela do Moinho, na região central da cidade de São Paulo, a fim de formalizar o acordo pelo qual as famílias terão direito de escolher um imóvel de até 250 mil reais em outro local para desocupar o terreno, reivindicado pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck, assinou uma portaria que dá início à cessão do terreno da União para o governo paulista. Tarcísio planeja construir um parque na área, que era ocupada por cerca de 900 famílias.
Em seu discurso, Lula enfatizou que a cessão ainda não é definitiva e que o governo federal agirá para garantir o cumprimento do acordo. O presidente elogiou o papel do ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), à frente da articulação com a gestão Tarcísio.
“Quando o acordo estiver pronto, a gente faz a cessão definitiva ao governo do estado. Isso depois de provar que vocês foram tratados com decência, respeito e dignidade“, disse Lula. A cessão, prosseguiu, só se concretizará após a resolução de pendências como o aluguel social a ser pago até a entrega da moradia definitiva.
O petista ainda alfnetou Tarcísio ao dizer que se o governo paulista tiver de ocupar a área amanhã, usará a polícia “para enxotar vocês”, em referência aos episódios de repressão contra moradores nos protestos contra a desocupação da favela.
“Por mais que seja bonito um parque, ele não pode ser feito às custas do sofrimento de um ser humano”, acrescentou Lula. “É importante que as pessoas que queiram visitar o parque não venham pisotear sangue de pobres que foram agredidos.”
Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), acompanharam o presidente na agenda. Também estiveram no ato a primeira-dama Janja da Silva, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), entre outros políticos.
O acordo firmado prevê que as famílias terão acesso a 250 mil reais para comprar uma nova casa. A União entrará com 180 mil reais e o estado com os 70 mil complementares. Assim, cada imóvel será 100% subsidiado pelo poder público.
A proposta inicial da gestão Tarcísio era a compra subsidiada apenas parcialmente pelo governo estadual.
Até o momento, cerca de 400 famílias deixaram o Moinho, a maioria rumo a unidades habitacionais oferecidas pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, a CDHU.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Juliana Marins: Lula determina que Itamaraty custeie o traslado do corpo da brasileira
Por CartaCapital
Governo Lula arrecada R$ 230 bilhões em maio e bate recorde para o mês
Por CartaCapital
O plano de Lula para tentar se reaproximar do Congresso após derrota sobre o IOF
Por Vinícius Nunes