Política

Fator Tarcísio é novo entrave às mudanças ministeriais de Lula

A postura de Arthur Lira também tem contribuído para a minirreforma ministerial seguir empacada

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Rogério Cassimiro/Governo do Estado de SP
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O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, tornou-se um fator a mais na indefinição sobre as mudanças que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda fazer no time ministerial para abrigar apadrinhados de deputados do dito “centrão”. O motivo? O partido a que Freitas pertence, o Republicanos, um dos neoaliados do governo.

Nas negociações de Lula e seus assessores políticos com o centrão, o Ministério dos Portos e Aeroportos despontou como área que poderia ser cedida ao Republicanos. A joia da coroa da pasta, diz um auxiliar presidencial, é o porto de Santos. Quem garante que, uma vez à frente do Ministério dos Portos, o Republicanos trabalharia pelas posições do governo federal, e não para ajudar Freitas?

O governador é um potencial candidato a presidente em 2026 pelas forças direitistas órfãs de Jair Bolsonaro, condenado pelo TSE a oito anos sem disputar eleição. 

O nome escolhido pelo Republicanos para integrar o ministério de Lula, qualquer que seja o lugar, está decidido. É o deputado Silvio Costa Filho, de Pernambuco. Um estado que também tem um porto importante, o de Suape. 

O atual ministro dos Portos é um político que nasceu e fez carreira política no litoral paulista, Márcio França. É do PSB, legenda que Lula acha que pode ser, digamos, sacrificada em uma minirreforma ministerial, segundo um auxiliar lulista. O PSB é o berço do vice-presidente, Geraldo Alckmin, que também ocupa um ministério, o do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

O desmembramento da pasta de Alckmin é uma das ideias na mesa para acomodar um outro neoaliado do governo, o PP. De dentro dessa pasta, sairia um Ministério das Pequenas Empresas. Problema: o PP acha que é pouco, que seria uma área pequena diante de seu peso em Brasília, de acordo com um auxiliar presidencial. 

O PP é a quarta maior bancada de deputados, com 47. É seu líder na Câmara, André Fucuca, do Maranhão, o escolhido pelos pepistas para ocupar um ministério. É também a legenda do presidente da Câmara, Arthur Lira, de Alagoas. 

Lira, diz um integrante do time de articuladores políticos do governo, é outro fator que trava a conclusão das alterações que Lula admite fazer no Ministério. Em vários momentos, o alagoano deu sinais de que só poria em votação final o chamado “arcabouço fiscal”, nome do teto de gastos desenhado no governo Lula, depois das nomeações de novos ministros. 

O presidente, prossegue a fonte, estava decidido a não parecer refém de Lira. Mais: o deputado precisava entender que o atual governo não irá fazer como o de Jair Bolsonaro, o qual terceirizou para Lira decisões e articulações políticas. O presidente da Câmara parece ter entendido o recado. Comandou a aprovação final do arcabouço na terça-feira 22  mesmo sem trocas no Ministério.

Insatisfeito com uma eventual pasta das Pequenas Empresas, o PP sonha com o controle do Bolsa Família e seu 175 bilhões de reais de orçamento anual. O programa é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social, e o PP cobiça essa pasta. Lula acredita que o atual ministro, Wellington Dias, tem deixado a desejar, mas não irá demiti-lo, segundo um colaborador presidencial. Nem irá tirar o Bolsa Família do controle do PT, completa o colaborador.

Dias é do PT, partido que talvez tenha de ser sacrificado pelas mudanças ministeriais estudadas por Lula. A presidente petista, a deputada Gleisi Hoffmann, foi chamada por Lula para conversar a respeito de alterações de nomes no alto escalão do governo. Nos corredores do Congresso, ela tem dito que o PT não será um problema para Lula nas negociações com o “centrão”. 

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