Política

Falha de transmissão é insuficiente para explicar apagão, diz ex-presidente da ONS

Para Luiz Eduardo Barata, também seria importante aguardar a avaliação dos técnicos antes de eventual apuração policial para evitar erros

Foto: MME
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Ao menos 29 milhões de brasileiros ficaram sem luz por pelo menos 6 horas na semana passada, conforme apontou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A causa do blecaute que atingiu 25 estados brasileiros, contudo, ainda é desconhecida. 

O único fundamento concreto é que houve um desligamento na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza, no Ceará, por atuação indevida do sistema de proteção, como mostrou o primeiro documento do Sistema Interligado Nacional sobre o caso. 

“Essa operação indevida é insuficiente para explicar os efeitos que nós tivemos no decorrer da semana”, argumenta Luiz Eduardo Barata, ex-diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico, entidade responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração de energia elétrica.

Ferreira foi responsável por comandar o órgão por uma década e avalia que a atual equipe técnica do órgão, chefiada pelo engenheiro elétrico Luiz Carlos Ciocchi, tem recursos e estruturas suficientes para averiguar o ocorrido. Também pondera que não necessariamente este episódio deve acender alerta sobre os serviços do sistema elétrico brasileiro.

Está marcada para o dia 25 de agosto a primeira reunião entre o Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e agentes do setor com objetivo de avaliar as informações apuradas até o momento e o início da confecção do relatório. O segundo encontro está previsto para 1º de setembro.

Ex-secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Ferreira foi um dos especialistas que atuou durante a crise energética de 2001, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso determinou um racionamento obrigatório no Brasil e também sobre o apagão de Itaipu, em 2009 — a primeira vez em duas décadas que a usina parou de funcionar.

“Esse episódio [de terça] não foi o primeiro e, infelizmente, digo que não será o último”, diz Ferreira. “Obviamente, trabalhamos para que episódios assim não aconteçam mas ainda sim eles acontecem”.

Em seguida, ao comentar a privatização da Eletrobras, ele classificou como um equívoco eventuais comparações entre o atual blecaute e o funcionamento do órgão.

“Todos os outros distúrbios que aconteceram, alguns até com impactos, eu diria que até  mais graves do que o de terça-feira ocorreram quando a Eletrobras era estatal. Então me parece que é um equívoco fazer essa correlação entre politização e de estudo”. 

Conta de luz mais barata 

Atualmente, no comando da Frente Nacional de Consumidores de Energia, a principal bandeira defendida é o barateamento da conta de luz. 

“Nós temos condições de ter uma das energias mais baratas do mundo e hoje temos uma das mais caras”, afirma. Entre os motivos, os subsídios taxados na conta que poderiam ser de responsabilidade da União, como a Tarifa Social Residencial Baixa Renda.

“Esse subsídio foi bem concebido numa época em que as [energias] renováveis começavam a ser inseridas, elas eram mais caras, então o subsídio fazia com que elas se tornassem competitivas com as fontes existentes. Neste momento em que elas também são as fontes mais baratas não faz sentido a manutenção do subsídio”, explica.

A Frente busca com a União e os parlamentares, via reforma tributária, o custeamento deste subsídio pela Fazenda. “Reduzir o custo de energia não afeta só o consumidor residencial. Afeta, sobretudo, o consumidor industrial e o consumidor comercial.”

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