Ana Moser e Márcio França viajaram no mesmo voo de São Paulo para Brasília na segunda-feira 4. Ela estava meio chateada. Ele, bastante contrariado. Ambos conversaram sobre o destino à vista. Seus cargos de ministro haviam entrado na negociação de mudanças no primeiro escalão estudadas por Lula para abrir espaço a dois partidos, PP e Republicanos, e garantir mais apoio na Câmara dos Deputados. França, ministro dos Portos e Aeroportos, tinha sido um dos responsáveis pela surpreendente união do petista com Geraldo Alckmin e por este ter trocado o tucanato pelo PSB para virar companheiro de chapa de Lula. Mais: desistira de disputar o governo de São Paulo em 2022 para apoiar Fernando Haddad, do PT. Ao chegar à capital federal depois do voo em companhia de Ana Moser, a ministra do Esporte, publicou na sua conta na rede X (ex-Twitter) o vídeo de uma música de Carnaval chamada Madeira Que Cupim Não Rói. Penúltima estrofe da canção: E dizer bem alto que a injustiça dói.
No dia seguinte ao desabafo cifrado de França, Lula almoçou com Alckmin para discutir a cota de sacrifício do PSB na mudança ministerial. O repasto terminou inconclusivo. O vice-presidente é também ministro do Desenvolvimento. O presidente esperava que o parceiro de chapa colocasse a pasta à disposição do colega de partido. Nada feito. Caso França saísse de onde estava, o Ministério de Portos e Aeroportos ficaria livre para o Republicanos. Uma solução que embute risco. A legenda tem entre os correligionários o governador paulista Tarcísio de Freitas, cotado para a disputa presidencial em 2026 como representante do bolsonarismo. O novo ministro trabalharia por Lula? Ou por Freitas, defensor da privatização da joia da coroa do ministério, o Porto de Santos? Uma opção dada ao PSB era dividir o Ministério do Desenvolvimento, criar a pasta das Pequenas Empresas e entregá-la a França. Cargo rejeitado pelo PP por falta de robustez e que o pessebista também não queria.
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