Fabricante da Ivermectina patrocinou anúncio de tratamento precoce, diz diretor

O diretor afirmou que gastou 717 mil reais a pedido da Associação Médicos pela Vida, que propagandeou o remédio sem comprovação científica

Empresário Jailton Batista, diretor da farmacêutica Vitamedic, uma das maiores produtoras do medicamento ivermectina no Brasil. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

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O diretor executivo da Vitamedic, Jailton Batista, afirmou nesta quarta-feira 11 que patrocinou a publicação de um manifesto a favor do tratamento precoce contra a Covid-19. A empresa é fabricante da ivermectina e aumentou o lucrou com a venda do medicamento. O remédio não tem eficácia comprovada para a doença e teve o consumo incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com o diretor, em depoimento à CPI da Covid, a empresa patrocinou a publicação, veiculada no dia 16 de fevereiro em veículos de comunicação, após um pedido da Associação Médicos pela Vida. Questionado sobre as controvérsias ética e criminal do patrocínio com um anúncio que geraria lucros para a farmacêutica, o empresário declarou que o manifesto não citava especificamente a ivermectina.

“Já tínhamos registrado forte demanda no mercado independente da opinião dos médicos, independente da publicação desse manifesto” disse o diretor. A atuação da empresa ao ignorar as evidências científicas nas vendas foi criticada na CPI. “Se omitiram e patrocinaram”, disse o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

Jailton Batista afirmou que a empresa gastou 717 mil reais para patrocinar uma publicação a favor do tratamento precoce contra a Covid-19. A empresa patrocinou a publicação após um pedido da Associação Médicos pela Vida, que assinou o manifesto contrariando evidências científicas. Durante depoimento na CPI da Covid, o diretor da companhia negou que houve lobby com o governo federal para impulsionar as vendas do medicamento.


O faturamento da Vitamedic com a Ivermectina aumentou de 15,7 milhões de reais em 2019, antes da pandemia de Covid-19, para 470 milhões de reais em 2020, já durante a crise do novo coronavírus no Brasil. A CPI da Covid avalia acionar a Justiça Federal para bloquear os bens da farmacêutica e exigir a devolução dos ganhos com a venda do medicamento. “Estamos diante de um dos mais tristes depoimento dessa Comissão Parlamentar de Inquérito”, disse o relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL).

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