Política

Exército contratou empresa de programa usado pela Abin para espionar adversários de Bolsonaro

O First Mile permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses

Militares do Exército em fila. Foto: Acervo 13BIB - Curitiba /PR
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O Exército também contratou a empresa que desenvolveu a ferramenta israelense usada pela Agência Brasileira de Inteligência, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), para monitorar milhares de pessoas, a exemplo de jornalistas, políticos e magistrados.

A Força pagou 10,7 milhões de dólares à Verint Systems LTD para “ampliação da plataforma Verint de Inteligência”. O vínculo seria válido pelo período entre 23 de outubro de 2018 e 30 de março de 2022.

A aquisição, ligada à base do Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército, ocorreu durante a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, sob a gestão de Michel Temer (PL).

O jornal O Globo informou nesta sexta que a Polícia Federal tem indícios de que o Exército contratou o mesmo sistema usado pela Abin para monitorar alvos de interesse de Bolsonaro.

Nesta manhã, a PF deflagrou a Operação Última Milha, a fim de investigar a utilização indevida, por servidores da Abin, de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem autorização judicial.

De acordo com a PF, 25 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva seriam cumpridos, além de medidas cautelares diversas da prisão, em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Distrito Federal.

Um dos presos é Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da Abin. O outro é o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki. Ambos são os suspeitos de coagir os colegas para evitar demissão.

O First Mile, programa usado pela Abin, permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses. Bastava digitar o número do contato telefônico desejado no programa, conforme revelou o jornal O Globo. A tecnologia localizava aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G.

Em nota, o Exército informou que não se manifestará sobre o tema. “O Centro de Comunicação Social do Exército informa que, em função de previsão legal (Lei n.º 12.527 de 18 de novembro de 2011, em seu artigo 23, incisos V e VIII) não poderá atender à solicitação apresentada”, diz o comunicado.

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