Política
Tarcísio anuncia ex-comandante da Rota para vice de Nunes em São Paulo; conheça Mello Araújo
O ex-presidente Jair Bolsonaro se mostrou irredutível na escolha do aliado, uma exigência para apoiar o prefeito


O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta sexta-feira 21 que Ricardo Mello Araújo, ex-comandante da Rota – tropa de elite da Polícia Militar -, é o pré-candidato a vice na chapa do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB).
“A gente convergiu com o nome do Mello Araújo. É um nome que agrega muita qualidade”, alegou Tarcísio, após um agenda na zona sul da cidade. “Agrega, soma, a gente está muito confortável com essa indicação.”
O coronel aposentado da Polícia Militar é uma indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se mostrou irredutível na escolha, apesar da revolta de partidos que integram a base de Nunes.
A pré-candidatura de Pablo Marçal (PRTB) acelerou o processo de definição do vice de Nunes, uma vez que o coach flertou com Bolsonaro e dialoga com integrantes do PL. Nas últimas semanas, Tarcísio rompeu o silêncio e também passou a defender a escolha de Mello Araújo.
Em publicações nas redes sociais, o coronel já manifestou apoio ao impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal, questionou a segurança das urnas eletrônicas e se pronunciou contra a obrigatoriedade da vacina da Covid-19. A exemplo de Bolsonaro, criticou a política sanitária de isolamento social na pandemia.
Mello Araújo já defendeu abordagens diferentes da Rota em bairros ricos e na periferia, além de se manifestar pela extinção da Ouvidoria, órgão responsável por receber e analisar as denúncias contra policiais por má conduta.
“É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma de ele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia] da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, disse Mello Araújo ao UOL em 2017.
Nunes e seu vice não têm uma ligação próxima. Um dos poucos encontros até aqui ocorreu durante um evento na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a Ceagesp, à época presidida por Araújo, que nomeou 22 policiais militares para cargos comissionados.
Também foi na gestão dele que a companhia alugou uma sala em sua sede para a instalação de um clube de tiro. Araújo ainda entrou em conflito com o Sindicato dos Empregadores em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo. Na ocasião, o presidente da Ceagesp chegou a ser chamado de “fascistinha” e “autoritário”.
O ex-Rota também é lembrado por chamar veteranos da PM para uma manifestação do 7 de Setembro em 2021, a favor de Bolsonaro. “Não podemos permitir que o comunismo assuma nosso País”, disse, em agosto daquele ano, em um vídeo publicado nas redes sociais.
Dias depois, Araújo chegou a responder a um inquérito na Corregedoria da PM, mas o procedimento foi arquivado sem resolução de mérito. A participação de policiais em manifestações partidárias é vetada por lei.
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