Ex-ministro da Saúde e fundador da Anvisa apresentam pedido de impeachment contra Bolsonaro

Para José Gomes Temporão e Gonzalo Vecina, gestão da pandemia é 'criminosa' e visa 'o prejuízo eleitoral de adversários'

Foto: EVARISTO SÁ/AFP

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O ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão e o sanitarista Gonzalo Vecina Neto – fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – assinam um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro que será protocolado nesta sexta-feira 5, na Câmara dos Deputados.

É o primeiro a ser entregue à Casa sob a presidência de Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro.

 

 

“Sem prejuízo de outros crimes de responsabilidade cometidos ao longo de seu mandato presidencial, o Sr. JAIR MESSIAS BOLSONARO abusou dos poderes constitucionais e políticos inerentes a seu cargo para, em prejuízo da saúde da população brasileira, obter vantagens políticas para si em meio à pandemia de Covid-19”, escrevem Temporão, Vecina e outros cientistas, médicos, enfermeiros e profissionais da saúde.


“Com isso, prejudicou de maneira patente a saúde dos brasileiros, minou relações federativas indispensáveis em uma emergência sanitária e achincalhou de modo indelével a dignidade e a honra do cargo de Presidente da República, por sua reiterada quebra de decoro”.

Entre os argumentos apresentados para sustentar o pedido de impedimento, o grupo aponta a prática de “uma campanha dolosa e deliberada contra medidas hoje mundialmente adotadas, de forma consensual, para o enfrentamento da pandemia” e a disseminação “da ilusão de tratamentos precoces” contra a Covid-19.

“Há quase um ano, o Sr. JAIR MESSIAS BOLSONARO não poupa esforços para prejudicar os agentes políticos, médicas e médicos, enfermeiras e enfermeiros que trabalham para tentar reduzir o número de mortos durante a pandemia, chegando ao cúmulo de promover descrença em vacinas para nosso povo que, de boa fé, acredita na palavra do Presidente da República”.

Para os especialistas, a gestão de Bolsonaro na pandemia é “criminosa” e visa “o prejuízo eleitoral de potenciais adversários” no pleito do ano que vem.

Segundo eles, ao fazer essa opção “intencional e calculada”, o presidente “deliberadamente escolheu uma estratégia que prejudica a saúde dos brasileiros através da disseminação descontrolada de um vírus letal, do colapso hospitalar em várias cidades do Brasil, das mortes evitáveis e da descrença vacinal, apenas para tentar impedir que um de seus potenciais adversários eleitorais, o governador de São Paulo Sr. João Dória, pudesse colher louros eleitorais em 2022, notadamente pela disponibilização pioneira da vacina”.

Entre as testemunhas indicadas pelo grupo, estão o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo.

 

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