Política
Ex-governador diz que Blairo Maggi, ministro de Temer, subornou ex-secretário
Em delação, Silval Barbosa, que foi vice de Maggi, diz que ambos deram 6 milhões de reais para secretário mudar depoimento à Justiça
Blairo Maggi (PP), ministro da Agricultura de Michel Temer, pagou 3 milhões de reais a Éder Moraes, ex-secretário da Fazenda de Mato Grosso, para que este mudasse seu depoimento à Justiça, segundo acusação do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB). Hoje delator em uma investigação do Ministério Público Federal (MPF), Barbosa diz ter pago outros 3 milhões de reais a Moraes, totalizando 6 milhões para que o secretário retirasse o que disse.
A acusação de Silval Barbosa está na delação premiada do ex-governador, que foi homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 9 de agosto. As informações são do Jornal Nacional.
Entre 2006 e 2010, Barbosa foi vice-governador do Mato Grosso enquanto o próprio Blairo Maggi era o governador. Quando este deixou o cargo para disputar o Senado, Barbosa assumiu. Eleito em 2010 e reeleito em 2014, deixou o governo em 2015, preso na Operação Sodoma da Polícia Federal, acusado de liderar um esquema de corrupção no estado. Barbosa confessou uma série de crimes e fez acordo de delação com o MPF.
Em um trecho do depoimento prestado aos procuradores, Barbosa afirma, segundo o JN, que “nessa conversa o declarante expôs a Blairo Maggi o pedido feito por Éder Moraes de 6 milhões de reais para se retratar, tendo Blairo Maggi concordado em efetuar o pagamento de 3 milhões de reais para que Éder se retratasse das declarações que implicavam o declarante e Blairo Maggi”.
Até a publicação desta nota, o ministro não se pronunciou.
Em vídeo, Emanuel Pinheiro (PMDB), prefeito de Cuiabá, guarda maços de dinheiro no paletó (Foto: Reprodução / TV Globo)
Além de denunciar Maggi, Barbosa acusou outros políticos de receberem propina. Vários deles foram, inclusive, filmados recebendo dinheiro. O Jornal Nacional revelou as imagens na noite de quinta-feira 24. É o caso de Emanuel Pinheiro (PMDB), prefeito de Cuiabá; Luciane Bezerra (PSB), prefeita de Juara; do deputado federal Ezequiel Fonseca (PP) e dos ex-deputados estaduais Hermínio Barreto (PR) e Alexandre César (PT). Todos aparecem em vídeos guardando maços de dinheiro na roupa ou em bolsas e caixas.
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Pinheiro disse ao JN que não fez nada ilícito e que vai comprovar isso na Justiça. Bezerra disse, por meio do marido, o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), que recebeu o dinheiro para quitar dívidas de campanha eleitoral. O advogado de Sílvio César disse que não poderia comentar porque a delação premiada está sob sigilo. Os outros filmados não foram localizados pelo JN.
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