Política

Ex-diretor do Dnit acusa o PT e o PSDB de usarem governos para financiar campanha

Luiz Antonio Pagot diz que intermediou doações à campanha de Dilma e ter sido pressionado a fazer caixa dois para a campanha de Serra

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*Matéria atualizada às 12h50 de 5 de junho

 

 

O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot, apadrinhado político do senador Blairo Maggi (PR-MT), perdeu o cargo em meio a denúncias que, segundo escutas da Polícia Federal, foram plantadas pela quadrilha do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Agora sem cargo, Pagot partiu para o ataque e acusa o PT e o PSDB de usarem os governos que comandam para financiar campanhas eleitorais. Entre as campanhas beneficiadas estiveram, segundo as acusações de Pagot a de José Serra (PSDB) e da presidenta Dilma Rousseff (PT) para a Presidência da República.

Em entrevista à revista Istoé, Pagot afirma que o intermediário dos pedidos do PT foi o deputado federal José De Filippi (PT-SP), responsável pela arrecadação da campanha de Dilma em 2010. Segundo Pagot, ambos se encontraram em Brasília durante o primeiro turno das eleições e De Filippi teria pedido a ele que solicitasse a construtoras doações de campanha para o PT. Pagot disse que entrou em contato com muitas empreiteiras com um recado: “Se puderem ajudar, a gente agradece”. Muitas fizeram doações, legais segundo Pagot e não por meio de caixa 2.

Filippi negou a versão de Pagot e disse que a “conversa tratou da proposta de Pagot de a campanha receber três aviões do Blairo Maggi”. O tesoureiro do PT admitiu, entretanto, que se reuniu com Pagot depois das eleições e pediu a ele ajuda para saldar dívidas de campanha.

Outro integrante do PT envolvido por Pagot nas denúncias é Ideli Salvatti, atual ministra das Relações Institucionais. Segundo Pagot, ela pediu ajuda para arrecadação de campanha. Pagot diz que se negou a ajudá-la.

Em nota, a ministra respondeu que jamais recorreu a Pagot para solicitar recursos para campanhas. Segundo sua assessoria, “na condição de senadora e de coordenadora do Fórum Catarinense, Ideli esteve no Dnit diversas vezes, sempre para reuniões a respeito do andamento de obras no Estado de Santa Catarina”.

Caixa 2 para o PSDB

De acordo com Pagot, os pedidos feitos a ele por gente ligada ao PSDB eram diferentes pois envolviam caixa 2. Pagot disse à revista ter sido pressionado a assinar, em nome do Dnit (responsável por obras viárias em todo o Brasil), um aditivo de R$ 264 milhões ao contrato original do Rodoanel, obra viária ao redor da capital paulista. O aditivo era referente ao trecho sul do Rodoanel. Pagot diz ter rejeitado a assinatura pois ela violava as regras da licitação realizada (o governo federal contribuiu com mais de R$ 1 bilhão para as obras do Rodoanel). Após a negativa, Pagot disse ter sido pressionado, especialmente por Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, então diretor da Dersa, estatal paulista que administra as rodovias do estado. “Aquele convênio tinha um percentual ali que era para a campanha. Todos os empreiteiros do Brasil sabiam que essa obra financiava a campanha do Serra”, disse Pagot à revista.

Paulo Preto foi acusado, em 2010, de ajudar a engordar o caixa 2 do PSDB. Inicialmente, Serra negou conhecer Paulo Preto. Depois de uma frase de Paulo Preto em tom de ameaça, Serra voltou atrás e disse ter se confundido.

Ainda segundo Pagot, parte dos valores arrecadados iria para a campanha de Serra, mas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), também seriam beneficiados. De acordo com Pagot, ele rejeitou o esquema.

Em nota, o PSDB classificou a reportagem de “caluniosa” e acrescentou que “as campanhas do governador Geraldo Alckmin e de José Serra sempre contaram com doações declaradas à Justiça Eleitoral”.

Demóstenes, a Delta e a CPI do Cachoeira

Nas denúncias, Pagot envolve também o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Segundo Pagot, após ser reeleito senador pelo DEM de Goiás, Demóstenes pediu a ele ajuda para “carimbar” alguma obra para a construtora Delta, a empresa de Fernando Cavendish, acusada de ter como sócio oculto o bicheiro Carlinhos Cachoeira. De acordo com Pagot, Demóstenes devia favores à Delta.

Diante da metralhadora giratória que se tornou, Pagot afirma não acreditar que será chamado para prestar depoimento à CPI do Cachoeira. “Duvido que me chamem. Muitos ali têm medo do que posso contar.”

*Matéria atualizada às 12h50 de 5 de junho

 

 

O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot, apadrinhado político do senador Blairo Maggi (PR-MT), perdeu o cargo em meio a denúncias que, segundo escutas da Polícia Federal, foram plantadas pela quadrilha do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Agora sem cargo, Pagot partiu para o ataque e acusa o PT e o PSDB de usarem os governos que comandam para financiar campanhas eleitorais. Entre as campanhas beneficiadas estiveram, segundo as acusações de Pagot a de José Serra (PSDB) e da presidenta Dilma Rousseff (PT) para a Presidência da República.

Em entrevista à revista Istoé, Pagot afirma que o intermediário dos pedidos do PT foi o deputado federal José De Filippi (PT-SP), responsável pela arrecadação da campanha de Dilma em 2010. Segundo Pagot, ambos se encontraram em Brasília durante o primeiro turno das eleições e De Filippi teria pedido a ele que solicitasse a construtoras doações de campanha para o PT. Pagot disse que entrou em contato com muitas empreiteiras com um recado: “Se puderem ajudar, a gente agradece”. Muitas fizeram doações, legais segundo Pagot e não por meio de caixa 2.

Filippi negou a versão de Pagot e disse que a “conversa tratou da proposta de Pagot de a campanha receber três aviões do Blairo Maggi”. O tesoureiro do PT admitiu, entretanto, que se reuniu com Pagot depois das eleições e pediu a ele ajuda para saldar dívidas de campanha.

Outro integrante do PT envolvido por Pagot nas denúncias é Ideli Salvatti, atual ministra das Relações Institucionais. Segundo Pagot, ela pediu ajuda para arrecadação de campanha. Pagot diz que se negou a ajudá-la.

Em nota, a ministra respondeu que jamais recorreu a Pagot para solicitar recursos para campanhas. Segundo sua assessoria, “na condição de senadora e de coordenadora do Fórum Catarinense, Ideli esteve no Dnit diversas vezes, sempre para reuniões a respeito do andamento de obras no Estado de Santa Catarina”.

Caixa 2 para o PSDB

De acordo com Pagot, os pedidos feitos a ele por gente ligada ao PSDB eram diferentes pois envolviam caixa 2. Pagot disse à revista ter sido pressionado a assinar, em nome do Dnit (responsável por obras viárias em todo o Brasil), um aditivo de R$ 264 milhões ao contrato original do Rodoanel, obra viária ao redor da capital paulista. O aditivo era referente ao trecho sul do Rodoanel. Pagot diz ter rejeitado a assinatura pois ela violava as regras da licitação realizada (o governo federal contribuiu com mais de R$ 1 bilhão para as obras do Rodoanel). Após a negativa, Pagot disse ter sido pressionado, especialmente por Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, então diretor da Dersa, estatal paulista que administra as rodovias do estado. “Aquele convênio tinha um percentual ali que era para a campanha. Todos os empreiteiros do Brasil sabiam que essa obra financiava a campanha do Serra”, disse Pagot à revista.

Paulo Preto foi acusado, em 2010, de ajudar a engordar o caixa 2 do PSDB. Inicialmente, Serra negou conhecer Paulo Preto. Depois de uma frase de Paulo Preto em tom de ameaça, Serra voltou atrás e disse ter se confundido.

Ainda segundo Pagot, parte dos valores arrecadados iria para a campanha de Serra, mas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), também seriam beneficiados. De acordo com Pagot, ele rejeitou o esquema.

Em nota, o PSDB classificou a reportagem de “caluniosa” e acrescentou que “as campanhas do governador Geraldo Alckmin e de José Serra sempre contaram com doações declaradas à Justiça Eleitoral”.

Demóstenes, a Delta e a CPI do Cachoeira

Nas denúncias, Pagot envolve também o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Segundo Pagot, após ser reeleito senador pelo DEM de Goiás, Demóstenes pediu a ele ajuda para “carimbar” alguma obra para a construtora Delta, a empresa de Fernando Cavendish, acusada de ter como sócio oculto o bicheiro Carlinhos Cachoeira. De acordo com Pagot, Demóstenes devia favores à Delta.

Diante da metralhadora giratória que se tornou, Pagot afirma não acreditar que será chamado para prestar depoimento à CPI do Cachoeira. “Duvido que me chamem. Muitos ali têm medo do que posso contar.”

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