Política
Ex-assessor de Moraes deve ser ouvido nesta quarta como testemunha no processo de cassação de Zambelli
Eduardo Tagliaferro é alvo de uma denúncia por abolição do Estado Democrático de Direito e outros crimes; ele está na Itália desde que passou a ser investigado


A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara deve ouvir, nesta quarta-feira 17, uma nova testemunha do processo que pode resultar na cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Trata-se de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral.
Tagliaferro foi denunciado, recentemente, pela Procuradoria-Geral da República por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, violação de sigilo funcional, coação no curso do processo e obstrução de investigação envolvendo organização criminosa. Desde que passou a ser investigado pelo vazamento de mensagens e outros crimes, ele deixou o Brasil para viver na Itália, de onde tem feito uma série de acusações contra Moraes. O ministro nega os apontamentos do ex-assessor.
O testemunho desta quarta-feira será tomado por videoconferência.
A cassação de Zambelli
O processo em análise na Câmara examina a decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou a perda do mandato da parlamentar após uma condenação criminal. Zambelli foi sentenciada a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela chegou a fugir do Brasil para tentar driblar o cumprimento da decisão, mas foi presa na Itália, onde aguarda o andamento de um pedido de extradição.
No mesmo caso, o hacker Walter Delgatti Neto também foi sentenciado a 8 anos de prisão. Ele foi o executor da invasão a mando de Zambelli. Na última quarta-feira, também por vídeo, foi ouvido pela CCJ como a primeira testemunha do caso. Em depoimento, reforçou o papel da deputada como mandante do crime. Ele chegou a discutir com Zambelli durante a sessão, da qual ela também participou remotamente, da cadeia em Roma.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.