Política

Ex-aliados de Bolsonaro vão a posses de ministros e buscam pontes com Lula

Deputados eleitos em 2018 na onda que levou o ex-presidente ao Planalto prestigiaram a solenidade que empossou Geraldo Alckmin

Foto: EVARISTO SA / AFP
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Antigos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro têm se movimentado em busca de uma aproximação com o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e marcaram presença em cerimônias de posse de ministros nesta semana. Nesta quarta-feira, por exemplo, quatro deputados eleitos em 2018 na esteira do bolsonarismo prestigiaram o evento em que o vice-presidente, Geraldo Alckmin, assumiu o comando do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Alckmin tem sido visto como uma ponte para levar conservadores para dentro do governo do PT.

Pelas redes sociais, os deputados Junior Bozzella (União-SP), Julian Lemos (União-PB), Heitor Freire (União-CE) e Dayane Pimentel (União-BA) registraram suas presenças na cerimônia de posse de Alckmin. Os quatro romperam com Bolsonaro ao longo do governo, após o ex-presidente deixar o PSL. Após a saída, o partido se fundiu ao DEM para dar origem ao União Brasil, sigla que indicou três nomes para o primeiro escalão de Lula, mas ainda discute se será base do novo governo.

Além de estarem no mesmo partido, os quatro parlamentares têm em comum o fato de não terem sido reeleitos no ano passado. O fracasso nas urnas é atribuído, em parte, ao rompimento com Bolsonaro.

— O Bolsonaro é um mal ainda a ser extirpado. É o Bolsonaro, não é a centro-direita. É o extremismo e o radicalismo que o Bolsonaro insuflou. Esse é um ponto de convergência de todos nós que foram vítimas dessa milícia digital e pagamos o preço disso nas urnas por enfrentar o Bolsonaro em defesa do processo democrático — disse Bozella.

O aceno ao governo Lula não envolveu apenas parlamentares rompidos com Bolsonaro. Vice-líder do antigo governo na Câmara e apoiador de primeira hora do ex-presidente, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) esteve nesta semana na posse dos ministros das Cidades, Jader Filho, e dos Transportes, Renan Filho.

Em nota à colunista Bela Megale, ele justificou sua presença como “gestos de gentileza e respeito partidário”, pois os dois ministros são do MDB. Ele disse ainda que fará “forte oposição” ao atual governo, mas diz: “Não serei da política do quanto pior melhor”.

Abraço de Flávia Arruda

Na posse de Lula, no domingo, também chamou a atenção a presença da ex-ministra da Secretaria de Governo de Bolsonaro, Flávia Arruda (sem partido-DF). Ela foi uma das parlamentares a parar o novo presidente no Congresso para abraçá-lo. Dois dias depois, se desfilou do PL, partido de Bolsonaro.

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A interlocutores, Flávia nega que esteja se aproximando e diz que nunca foi inimiga, nem adversária de Lula. Além disso, nessas conversas, justifica a saída do PL por não conseguir conviver, segundo a ex-ministra, com radicalismo. A legenda passou a abrigar o ex-presidente e aliados mais estridentes.

Dois dos três ministros escolhidos por Lula para ter o União Brasil como aliado do governo também mantiveram no passado relação estreita com Bolsonaro. Titular do Ministério das Comunicações, Juscelino Filho (União-DEM) era base do presidente na Câmara, inclusive votando a favor da privatização dos Correios, que agora está sob seu guarda-chuva. O governo Lula tirou a empresa da lista da desestatização. A ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União-RJ) é outra que foi associada ao bolsonarismo em sua base eleitoral na Baixada Fluminense.

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