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EUA cancelam vistos da esposa e da filha de 10 anos de Alexandre Padilha
A medida ocorre após sanções contra autoridades ligadas ao Mais Médicos. Eduardo Bolsonaro já havia sugerido que o ministro e Dilma Rousseff seriam alvos


O governo dos Estados Unidos cancelou os vistos da esposa e da filha de dez anos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), em nova ofensiva contra autoridades brasileiras associadas ao programa Mais Médicos.
A decisão foi comunicada nesta sexta-feira 15 pelo Consulado Geral dos EUA em São Paulo, que enviou notificações formais às duas, informando que, após a emissão, “surgiram informações” que as tornaram inelegíveis para manter o documento. A informação foi antecipada pelo g1 e confirmada por CartaCapital.
Padilha não foi diretamente afetado pela medida porque seu visto está vencido desde 2024. O ministro, que comandava a pasta em 2013, quando o Mais Médicos foi criado no governo de Dilma Rousseff (PT), tem defendido publicamente o programa e criticado o presidente Donald Trump nos últimos dias.
A revogação dos vistos de familiares de Padilha ocorre dois dias depois de Washington anunciar sanções contra Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde e aliado próximo de Padilha, e Alberto Kleiman, ex-funcionário do Ministério da Saúde e ex-diretor de Relações Externas da Organização Pan-Americana da Saúde. Ambos foram alvo do Departamento de Estado por terem participado do planejamento e da implementação do Mais Médicos, descrito pelo secretário de Estado, Marco Rubio, como “um esquema coercitivo de exportação de mão de obra” que beneficiaria o regime cubano.
Na véspera do anúncio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou à agência Reuters que acreditava “fortemente” que Padilha e Dilma seriam incluídos na lista de sanções. “É difícil imaginar que vão dar recado ao governo brasileiro, falando de Mais Médicos, e isso não alcançar Dilma ou o próprio ministro Padilha”, disse.
Desde julho, o governo Trump adota medidas punitivas contra autoridades brasileiras e seus familiares, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes.
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