O presidente norte-americano Donald Trump deu o aval dos Estados Unidos para que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) assuma a embaixada em Washington. O agrément, como é chamado o processo de consulta, chegou a Brasília na quinta-feira 8. Nesta sexta-feira 9, Jair Bolsonaro confirmou que o nome do filho deve ser apresentado na próxima semana no Senado Federal para aprovação.
Para efetivamente assumir o cargo, Eduardo Bolsonaro passará por uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado, onde seu nome será submetido a uma votação secreta. Depois, com resultado favorável ou contrário, ele deverá ter aprovação da maioria dos senadores, o que configura em um mínimo de 41 votos positivos.
A decisão de Trump não surpreendeu. O presidente já havia tecido elogios a Eduardo, que acabou de completar 35 anos – a idade mínima necessária para assumir o cargo – e não possui formação de diplomacia como de praxe se exigia de um futuro embaixador. Ao justificar a indicação do filho mesmo sem as qualificações requisitadas, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que ele falava inglês e já teria ‘fritado hambúrgueres’ nos EUA quando mais jovem.
Clima no Senado
Apesar da positiva advinda dos Estados Unidos, Eduardo deve passar por difícil provação na comissão e no plenário do Senado Federal. No último dia 7, a casa recebeu uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que tratava de nepotismo na administração pública, o que minaria as chances do filho do presidente assumir um cargo de confiança e relevância no governo. Na co-autoria, estavam 38 senadores – três a menos do que a maioria que Eduardo precisa para ser indicado, número que inclui partidários simpáticos a Jair Bolsonaro.
Na justificativa, o texto traz que “o nepotismo é um flagelo que, no Brasil, deita raízes no período colonial. Uma prática secular como essa tende a se perpetuar se as alterações normativas destinadas a combatê-la não vierem acompanhadas de um processo de mudança de mentalidade.”
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