Política

“Eu não assisto à Globo”, diz Bolsonaro sobre entrevista de Mandetta

O ministro da Saúde concedeu uma entrevista ao Fantástico na qual critica a postura do presidente e pede que a ciência seja ouvida

Presidente Jair Bolsonaro. Foto: AFP
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A tensa crise entre o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, parece longe de ter um fim. Nesta segunda-feira 13, o capitão afirmou que não assistiu à entrevista do ministro ao programa Fantástico. “Eu não assisto à Globo. Vou perder tempo da minha vida assistindo à TV Globo agora?”, disse o presidente na saída do Palácio da Alvorada.

Mandetta concedeu uma entrevista exclusiva neste domingo 12 ao canal para falar sobre a pandemia do coronavírus. Nela, o chefe da pasta criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro, pediu que a ciência seja ouvida e que o discurso entre o presidente e o ministério seja unificado.

“Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única, unificada. Por que isso leva para o brasileiro uma dubiedade: ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, se ele escuta o presidente, quem é que ele escuta”, afirmou.

Sem citar Bolsonaro, Mandetta criticou pessoas que estão indo até a padarias e supermercados causando aglomerações, exatamente como fez o presidente na última semana.

“Quando você vê as pessoas entrando em padaria, entrando em supermercado, fazendo filas uma atrás da outra, encostadas, grudadas, pessoas fazendo piquenique em parque, isso é claramente uma coisa equivocada”, disse o ministro.

O chefe da pasta também criticou quem defende que o vírus é um complô da China contra o mundo, tese defendida por bolsonaristas e até pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub “Muita gente que gosta da internet, que vê na internet alguma fake news dizendo que isso é uma invenção de países para ganharem vantagem econômica. Outras pessoas porque (acham que) existe um complô mundial contra elas. Como se tivesse alguma solução, com passe de mágica e que não precisasse que ninguém fizesse sacrifício”, afirmou.

Mandetta afirmou que o pico da contaminação no país está previsto para os meses de maio e junho. “A gente imagina que os meses de maio e junho serão os sessenta dias mais duros para as cidades. A gente tem diferentes realidades. O Brasil a gente não pode comparar com um país pequeno, como é a Espanha, como é a Itália, a Grécia, Macedônia e até a Inglaterra. Nós somos o próprio continente. Sabemos que serão dias duros. Seja conosco ou qualquer outra pessoa. Maio, junho, em algumas regiões julho, nós teremos dias muito duros”, disse.

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Monday, April 13, 2020

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