O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse se incomodar com a pressão do mercado em relação ao novo arcabouço fiscal e argumentou que seus governos anteriores tiveram superávit primário e deixaram reservas.
Em entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira 16, o petista afirmou que não quer impor “uma dívida impagável” ao Estado. Além disso, cobrou “bom senso” dos atores do mercado financeiro.
“Quando se fala em responsabilidade fiscal, está se dizendo o seguinte: os banqueiros querem ter certeza de que vão receber os seus juros todo ano“, declarou. “Querem garantir primeiro o deles. E eu acho que eles deveriam ter um pouco de bom senso e garantir primeiro o do povo que está passando fome na rua, dormindo embaixo de ponte.”
Lula prosseguiu com as críticas ao mercado e afirmou que, se tivesse proferido o discurso do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao Congresso, na semana passada, teria sido chamado de “comunista” e de “terrorista”.
“Esse mercado é muito frágil. Precisa ter um pouco mais de seriedade“, declarou. “Esse mercado está muito conservador. É preciso gostar de ganhar dinheiro, mas é preciso ter um pouco de sensibilidade social.”
Na mesma entrevista, Lula afirmou que não pretende “brigar” com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ainda que ele tenha sido indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Campos Neto permanece no cargo devido a uma lei aprovada pelo Congresso, durante o governo Bolsonaro, que dá autonomia a mandatos de dirigentes do Banco Central. Lula é crítico à lei, mas disse que a questão não é um “princípio” e que pretende aguardar os resultados antes de incentivar alguma revisão.
“O que eu quero saber é o resultado. O resultado vai ser melhor? Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo. Mas, se não melhorar, nós temos que mudar”, declarou.
O presidente tem cobrado do Banco Central a redução da taxa de juros, que tem sido mantida em 13,75. Nesta semana, mesmo sem sinalizar uma mudança no índice, Campos Neto pediu que o mercado tenha “boa vontade” com o novo governo.
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