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Esconderijo de Bolsonaro na embaixada da Hungria não configurou busca por asilo, opina PGR
A íntegra da manifestação de órgão comandado por Paulo Gonet é sigilosa e está nas mãos do Supremo Tribunal Federal


A Procuradoria-Geral da República apontou não ter visto indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) buscou asilo político na embaixada da Hungria, em Brasília.
O parecer do órgão foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, na última quinta-feira 5, e juntado ao inquérito que investiga a hospedagem do ex-capitão no prédio da representação estrangeira após ter seu passaporte confiscado pela Polícia Federal.
A íntegra do documento, vale frisar, é sigilosa, mas foi obtida pela CNN Brasil. O teor da manifestação do órgão comandado por Paulo Gonet também foi confirmado pelo jornal O Globo desta terça-feira 9. A publicação já havia antecipado que o PGR não recomendava um pedido de prisão contra Bolsonaro.
Para Gonet, mostra a CNN, a estadia do ex-presidente na embaixada não configuraria uma preparação para um pedido de asilo político, uma vez que a saída de Bolsonaro do local ocorreu de forma espontânea. Gonet ainda argumentou que o ex-capitão não descumpriu qualquer medida cautelar imposta a ele pelo ministro Alexandre de Moraes ao permanecer por dois dias na embaixada.
Bolsonaro se hospedou na embaixada húngara quatro dias após ter seu passaporte apreendido pela PF em uma operação que investiga seu envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado após ser derrotado nas eleições de 2022.
Depois que a ida de Bolsonaro à representação diplomática foi exposta pelo jornal norte-americano The New York Times, a Polícia Federal abriu uma investigação para apurar se o ex-presidente estaria procurando asilo político e se isso poderia configurar uma tentativa de fuga do País.
A defesa do ex-capitão argumenta que, ainda que não tenha mandato público, a agenda de compromissos de Bolsonaro continua ativa e que a visita seria para estreitar laços com “lideranças estrangeiras alinhadas com o perfil conservador”.
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