Ernesto Araújo sobre o pai: apoiou ditadura e atuou contra Lula na PGR

Após reportagem revelar que Henrique Araújo dificultou extradição de nazista, chanceler traz a público outras passagens controversas

Bolsonaro e Ernesto Araújo (Foto: Valter Campanato/EBC)

Apoie Siga-nos no

O chanceler Ernesto Araújo escreveu uma longa réplica à revelação de que seu pai, o procurador Henrique Fonseca de Araújo, dificultou a extradição de um foragido nazista. Em forma de tributo, o texto traz outras revelações controversas da biografia do pai do chanceler.

Araújo mistura dados factuais com as próprias memórias de infância. Em tom orgulhoso, diz que ele não apenas apoiou a “revolução de 1964” em primeira hora, mas chegou até a apresentar-se em um quartel “para pegar em armas contra Brizola” – em outro trecho, o pedetista é chamado de ‘figura nefasta’ da política brasileira.

Ex-deputado e funcionário de carreira do MP, o pai do chanceler foi nomeado Procurador-Geral em 1975 e ficou no cargo até 79. Documentos da época mostram que, em 1978, Henrique Fonseca negou pedidos de quatro países para extraditar um homem responsabilizado por 250 mil mortes entre 1942 e 1943. A história veio a público na semana passada, em reportagem da Folha.

Em pleno regime, diz Araújo, o pai “defendeu a manutenção de instituições republicanas”. Segundo ele, as negativas à extradição do foragido nazista visavam somente preservar o estado de direito, porque “apontavam insuficiências processuais”, mas não contestavam os crimes.

Araújo conta também que naquela época, o procurador atuou contra Lula, então sindicalista, por considerar ilegal a ‘politização’ das greves no ABC paulista, que tinham como notório objetivo desafiar e enfraquecer o já cambaleante regime militar.


Segundo ele, o pai sempre foi um anticomunista e antifascista ferrenho que o criara “no conhecimento dos horrores tanto do nazismo quanto do comunismo”. Outros valores que ressalta são “respeito à lei, no amor ao próximo e no amor à pátria, no apego ao trabalho e na fé em Jesus Cristo.” A íntegra está disponível em seu blog.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.