CartaExpressa
Envolver militares em contagem de votos é ‘politicagem mais baixa possível’, diz Santos Cruz
O ex-ministro de Bolsonaro criticou a sugestão do presidente de que haja uma ‘contagem paralela’ feita por militares
O general da reserva Carlos Alberto dos Santos e Cruz , ex-ministro da Secretaria de Governo, criticou a tentativa de Jair Bolsonaro de envolver os militares em apuração de votos eleitorais. A declaração foi dada em uma entrevista ao Valor.
Na opinião de Santos Cruz, hoje filiado ao Podemos, a intentada é “politicagem mais baixa possível da exploração das Forças Armadas”.
“Imagine as Forças Armadas fazendo contagem paralela de votos? O que é isso? Isso aí é brincadeira. Isso aí é simplesmente para criar confusão. Não é papel das Forças Armadas, não é tarefa das Forças Armadas. Tem Tribunal Eleitoral para isso”, afirmou.
Na semana passada, durante um evento oficial, Bolsonaro sugeriu que o computador do TSE que faz a contagem de votos deveria ser ligado ao dispositivo das Forças Armadas, para supostos fins de ‘verificação’.
Segundo ele, haveria “um cabo que alimenta a sala secreta do TSE”, e deveria ser “feita uma ramificação, um pouquinho à direita, para que tenhamos do lado um computador das Forças Armadas para contar os votos no Brasil”.
O presidente, que há anos desqualifica o sistema eleitoral, chegou a dizer ainda que existiria uma sala para uma ‘falsa apuração’.
O ex-ministro Santos Cruz corrobora a posição do TSE e repudia a contagem paralela de votos.
“As Forças Armadas não têm nada a ver com história de eleição. Eleição é responsabilidade do TSE”, repetiu o general.
“No caso, as Forças Armadas foram convidadas para participar, com outros, de uma avaliação do sistema, para demonstrar que o sistema é bom e confiável. Depois as Forças Armadas fizeram umas perguntas técnicas. As Forças Armadas não têm nada a ver [com eleição], então é técnico o negócio. Eu não sei como foram as perguntas técnicas. Também não sei quais foram as respostas do TSE. O problema é que a partir daí você tem uma exploração política muito forte”.
Santos Cruz disse ainda que uma possível contagem paralela geraria apenas mais confusão, e desviaria os assuntos pertinentes da administração.
“Isso aí é conveniente para quem gosta de viver no ambiente de briga. Ou para quem não quer discutir os assuntos sérios que a gente tem. Para quem não sabe administrar, aí é um bom negócio.”
Leia também
Podemos avalia lançar general Santos Cruz como pré-candidato à Presidência
Por Estadão ConteúdoPara defender Moro, Santos Cruz chama Bolsonaro de estelionatário, traíra e fanfarrão
Por CartaCapitalBolsonaro defende Daniel Silveira, ataca Barroso e diz ao TSE: Sou o chefe das Forças Armadas
Por Victor OhanaUm minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.