Política
Entre a crise mundial e as ‘fofocas’
Para desgastar ministro, oposição questiona casos envolvendo a Previ e Casa de Moeda e Mantegafala em tempestade em copo d’água


Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não escapou de perguntas formuladas pela oposição sobre polêmicas envolvendo integrantes da área econômica do governo. A mais recente, fruto de uma disputa por cargos no Banco do Brasil, foi chamada pelo ministro de “fofoca”.
A afirmação aconteceu em meio ao tiroteio entre a direção do banco e da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB. Questionado, Mantega afirmou ver só uma “tempestade em copo d’água” e que a crise, provocada por “fofocas” que não serão toleradas pelo governo.
Mantega foi questionado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) também pelas suspeitas que recaíam sobre o agora ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci, demitido após o ministro ter sido informado de que o jornal Folha de S.Paulo preparava matéria sobre supostas irregularidades.
Segundo o ministro, não houve denúncia formal, e as suspeitas foram investigadas. Ele disse ainda que a saída de Denucci do posto já era aventada, mas foi “apressada” por conta da reportagem. “Apressamos a sua demissão para que ele pudesse ter a liberdade de responder a essas questões fora da Casa da Moeda”, argumentou.
Segundo o jornal, Denucci transferiu 25 milhões de dólares para duas empresas no exterior registradas em nome dele e da filha. “Desafio alguém mostrar uma denúncia formal que não tenha sido investigada, e uma sindicância está em curso no Ministério da Fazenda”.
Apesar da tentativa de politizar a audiência, a fala do ministro foi mesmo centrada na política econômica do governo. Na sessão, ele defendeu o câmbio flutuante e disse que o Brasil não pode fazer papel de bobo e ser manipulado pela guerra cambial. Mantega disse aos senadores que a situação tem se complicado ante a crise, com muitos países desvalorizando artificialmente suas moedas, com desequilíbrio para o comércio mundial.
“Não podemos fazer papel de bobo e deixar nos levar pela manipulação no mercado mundial. Como era só um país, era mais fácil. A China faz isso há 20 anos. Mas o problema passou a ser generalizado”, disse.
Mantega destacou que, quando os Estados Unidos e os países da Europa, destinam um volume excessivo de dinheiro aos bancos da região, a crise só se aprofunda porque os recursos, ao invés de estimularem o setor produtivo, terminam sendo destinados ao Brasil, por exemplo, que tem taxas de juros elevadas, embora com fundamentos econômicos mais sólidos.
Ele criticou ainda a competição desleal entre os produtos importados e os nacionais devido à desvalorização artificial das moedas. “É uma briga deles que termina afetando a nossa economia. Não queremos violentar os princípios da livre concorrência. Mas estamos tomando medidas [para defender a economia brasileira]”.
Segundo Mantega, o governo tem procurado convencer o G20, grupo das economias mais desenvolvidas, a evitar esse tipo de política, mas, como ainda não houve decisão disso, o Brasil se antecipou em defender o real com medidas como o aumento do prazo da cobrança de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos empréstimos externos.
“Dinheiro de curto prazo pressiona nossa moeda. Se não tivéssemos tomando medidas como essas e a compra de dólares, nós estaríamos com o câmbio a US$ 1,40 e toda a indústria estaria quebrada. Não teríamos competitividade”, justificou.
Além de restringir a entrada de moeda estrangeira, Mantega citou, entre outras medidas para defender a economia brasileira na guerra cambial, o maior controle das importações, a investigação de fraudes, com o objetivo de detectar subfaturamento e falsa declaração de origem de produtos, e a atuação de funcionários públicos ligados à inteligência da Receita Federal e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para identificar desvios.
*Com informações da Agência Brasil
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não escapou de perguntas formuladas pela oposição sobre polêmicas envolvendo integrantes da área econômica do governo. A mais recente, fruto de uma disputa por cargos no Banco do Brasil, foi chamada pelo ministro de “fofoca”.
A afirmação aconteceu em meio ao tiroteio entre a direção do banco e da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB. Questionado, Mantega afirmou ver só uma “tempestade em copo d’água” e que a crise, provocada por “fofocas” que não serão toleradas pelo governo.
Mantega foi questionado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR) também pelas suspeitas que recaíam sobre o agora ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci, demitido após o ministro ter sido informado de que o jornal Folha de S.Paulo preparava matéria sobre supostas irregularidades.
Segundo o ministro, não houve denúncia formal, e as suspeitas foram investigadas. Ele disse ainda que a saída de Denucci do posto já era aventada, mas foi “apressada” por conta da reportagem. “Apressamos a sua demissão para que ele pudesse ter a liberdade de responder a essas questões fora da Casa da Moeda”, argumentou.
Segundo o jornal, Denucci transferiu 25 milhões de dólares para duas empresas no exterior registradas em nome dele e da filha. “Desafio alguém mostrar uma denúncia formal que não tenha sido investigada, e uma sindicância está em curso no Ministério da Fazenda”.
Apesar da tentativa de politizar a audiência, a fala do ministro foi mesmo centrada na política econômica do governo. Na sessão, ele defendeu o câmbio flutuante e disse que o Brasil não pode fazer papel de bobo e ser manipulado pela guerra cambial. Mantega disse aos senadores que a situação tem se complicado ante a crise, com muitos países desvalorizando artificialmente suas moedas, com desequilíbrio para o comércio mundial.
“Não podemos fazer papel de bobo e deixar nos levar pela manipulação no mercado mundial. Como era só um país, era mais fácil. A China faz isso há 20 anos. Mas o problema passou a ser generalizado”, disse.
Mantega destacou que, quando os Estados Unidos e os países da Europa, destinam um volume excessivo de dinheiro aos bancos da região, a crise só se aprofunda porque os recursos, ao invés de estimularem o setor produtivo, terminam sendo destinados ao Brasil, por exemplo, que tem taxas de juros elevadas, embora com fundamentos econômicos mais sólidos.
Ele criticou ainda a competição desleal entre os produtos importados e os nacionais devido à desvalorização artificial das moedas. “É uma briga deles que termina afetando a nossa economia. Não queremos violentar os princípios da livre concorrência. Mas estamos tomando medidas [para defender a economia brasileira]”.
Segundo Mantega, o governo tem procurado convencer o G20, grupo das economias mais desenvolvidas, a evitar esse tipo de política, mas, como ainda não houve decisão disso, o Brasil se antecipou em defender o real com medidas como o aumento do prazo da cobrança de 6% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos empréstimos externos.
“Dinheiro de curto prazo pressiona nossa moeda. Se não tivéssemos tomando medidas como essas e a compra de dólares, nós estaríamos com o câmbio a US$ 1,40 e toda a indústria estaria quebrada. Não teríamos competitividade”, justificou.
Além de restringir a entrada de moeda estrangeira, Mantega citou, entre outras medidas para defender a economia brasileira na guerra cambial, o maior controle das importações, a investigação de fraudes, com o objetivo de detectar subfaturamento e falsa declaração de origem de produtos, e a atuação de funcionários públicos ligados à inteligência da Receita Federal e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para identificar desvios.
*Com informações da Agência Brasil
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