Política

Empresária de SC que ofendeu nordestinos fecha acordo e terá que gravar vídeo de desculpas

Ela havia pedido para que outros empresários não contratassem pessoas do Nordeste, dizendo que eles votam em Lula. Na retratação, terá de dizer que ‘o voto é livre’

Créditos: Reprodução Redes Sociais
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Uma empresária de Santa Catarina terá de publicar em suas redes sociais um vídeo se retratando e pedindo desculpas aos nordestinos após viralizar nas redes ofendendo os brasileiros que vivem nessa região do país, após um acordo com a Justiça. A conduta de Jacira Chiamenti foi investigada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) pelo crime de assédio eleitoral.

No vídeo divulgado nas redes, Jacira afirma que se nordestinos escolheram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta eleição, que voltem para seus estados. Ela pede que empresários catarinenses “fechem as portas” de suas empresas aos nordestinos, a quem chama de “desgraçados”:

“O que mais tem é carteira que a gente assina nas empresas desses desgraçados desses nordestinos que lá passam fome e vêm aqui vender rede na praia, pedir servente de pedreiro de emprego e ficar dormindo na frente dos nossos estabelecimentos. Então, se eles escolheram o Lula, eles que fiquem no estado deles votando pro Lula e comendo o Bolsa Família deles”, afirmou a empresária no vídeo.

Após a investigação do MPT, Chiamenti aceitou um acordo e assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MPT. Ela será obrigada a gravar um novo vídeo cujo texto foi acordado com o Ministério Público do Trabalho. O vídeo deverá começar com um pedido de desculpas:

“Venho a público para me retratar e pedir desculpas a toda sociedade brasileira, especialmente a todos os nordestinos, por ter orientado empresários a não admitir pessoas da região nordeste do Brasil que fossem votar em determinados candidatos nas eleições gerais deste ano”, diz o texto acordado.

Em seguida, a empresária deverá esclarecer que a conduta praticada por ela foi criminosa:

“Assédio eleitoral é crime e nenhum empregador, seja ele de qualquer setor, tem o direito de interferir no voto de seus empregados. Também não é admissível que um escritório contábil oriente, influa ou constranja qualquer empregador ou trabalhador a votar ou não votar em determinado candidato, bem como é inadmissível e constitui crime que sejam discriminados trabalhadores de qualquer região do Brasil”, segue a redação do texto.

Por fim, Chiamenti deverá declarar que “o voto é livre”.

O número de denúncias de assédio eleitoral feitas ao Ministério Público do Trabalho (MPT) subiu de 447 para 706 em um dia, segundo balanço divulgado ontem pelo órgão. O assédio ocorre quando um empregador coage seus funcionários a votarem em determinado candidato.

Em 2018, durante todo o pleito, o MPT recebeu 212 denúncias. Segundo os dados divulgados na quarta-feira, as regiões com mais denúncias são o Sudeste, com 284 e o Sul, com 212. As 706 denúncias fazem referência a possíveis abusos de 572 empresas.

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