Empresa de filho de Lira negociou publicidade com Secom, ministérios, BB e Caixa

A empresa Omnia 360, que pertence ao filho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), intermediou contratos de publicidade com os principais órgãos do governo federal e bancos públicos. 

Os veículos de mídia representados pela empresa receberam pagamentos para distribuir campanhas da Secretaria de Comunicação Social, dos Ministérios da Saúde e Educação, assim como do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. 

Além do filho de Lira, a Omnia tem como sócia Maria Cavalcante, filha de Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira, alvo da operação da Polícia Federal que investiga supostos desvios na compra de kit de robótica para escolas. 

Dados obtidos pela Folha com base na LAI, mostram que as empresas de mídia representadas pela Omnia receberam pelo menos 6,5 milhões de reais da Pasta da Saúde. 

As representadas também receberam 2 milhões da Secom. A maioria dos valores pagos se referem ao período entre 2021 e 2022, ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Como parte do contrato, a empresa do filho de Lira recebe uma parcela do pagamento feito pelas agências contratadas pelo governo e bancos públicos. 

Acesso a órgãos públicos

Os representantes da Omnia foram recebidos na Secom pelo menos duas vezes em 2021 e em outras agendas em 2022. 

Em resposta ao pedido de informações, a Caixa informou que realizou 16 reuniões com representantes da empresa no mesmo período. 

Maria Cavalcante também foi recebida quatro vezes no Ministério do Desenvolvimento Social, em 2021. 

Questionada sobre as negociações com órgãos públicos, a Omnia disse que a atividade de representação comercial “consiste justamente em promover os produtos do representado para o trade do seu setor”.

“Faz parte das atividades da Omnia 360 fazer encontros nas agências de publicidade e apresentar novidades e detalhes técnicos aos anunciantes. Algo corriqueiro nas atividades do mercado publicitário, público e privado”, afirmou a empresa do filho de Arthur Lira.

Em nota, Arthur Lira apontou não haver nada errado no “desenvolvimento funcional da empresa” do filho e que não existe ingerência dele na atividade da Omnia.