Política
Em vídeo oficial, Marinha questiona existência de ‘privilégios’ a militares
Material é divulgado logo após a equipe econômica anunciar pacote fiscal que propõe mudanças em benefícios dos integrantes das Forças


A Marinha do Brasil aproveitou a proximidade do Dia do Marinheiro, celebrado em 13 de dezembro, para divulgar um vídeo em que compara a carreira na Força à vida dos cidadãos civis, questiona os “privilégios” atribuídos aos militares e manda uma espécie de recado à equipe econômica em razão do pacote fiscal que mira os militares e outros setores.
O vídeo foi exibido neste domingo na cerimônia de substituição do Pavilhão Nacional na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e também está disponível nas redes sociais da Força.
No material, um jovem militar pergunta: “Privilégios? Vem pra Marinha”. O vídeo de 1 minuto e 16 segundos intercala imagens de integrantes da Força trabalhando em situações consideradas extremas com imagens de pessoas se divertindo em festas, em viagens, em reuniões de família e em momentos de lazer.
A comparação tenta mostrar que a carreira militar tem peculiaridades e privações que não podem ser comparadas aos profissionais civis.
As medidas fiscais propostas para as Forças Armadas incluem, entre outras coisas, o limite de 55 anos para passagem para a reserva. Atualmente, os militares precisam cumprir 35 anos de serviço antes de ir para a reserva. As mudanças foram anunciadas pelo governo Lula na última quinta-feira.
Até lá, a regra de transição deve estabelecer que o militar pague um “pedágio” de 9% sobre o período que falta para completar o tempo de serviço. Ou seja, terão um período extra antes de deixarem a ativa.
“Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade, com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferência de pensões, além de outros ajustes. São mudanças justas e necessárias”, disse o ministro Fernando Haddad em pronunciamento de rádio e TV na quarta-feira 27.
A criação da idade mínima e a regra de transição deverão constar em projeto de lei a ser enviada pelo governo ao Congresso nos próximos dias. O vídeo, que estava disponível nos canais oficiais da Marinha, foi excluído no dia 18 de dezembro.
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