Uma prova aplicada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), órgão responsável por implementar a política de infraestrutura do Sistema Federal de Viação, causou polêmica. Segundo 50 profissionais selecionados para responder ao questionário que permitiria ao Consórcio Processamento e Tecnologia (CPT) renovar a contratação de funcionários terceirizados, a prova teve questões de cunho político e ideológico, ligadas ao governo do presidente Jair Bolsonaro. As informações são da Folha de S.Paulo.
Em uma das questões, os funcionários teriam que responder: “Como você avalia a intenção do presidente Jair Bolsonaro em retirar os equipamentos de fiscalização eletrônica do trânsito das rodovias?”. O presidente defende a retirada dos radares fixos e móveis das estradas e já declarou ter conversado com o ministro Sérgio Moro sobre o tema, uma vez que a Polícia Rodoviária Federal é subordinada ao ministério da Justiça e Segurança Pública.
Também chamaram a atenção outras questões da prova. “Dê sua opinião sobre as questões políticas e econômicas dos países da América do Sul.” Outra perguntava a opinião dos funcionários sobre a proposta da reforma da Previdência, principal agenda econômica do governo e gerida por Paulo Guedes, ministro da Economia.
A prova, que seria respondida por 50 funcionários, sofreu boicote. Apenas cinco decidiram seguir com o processo de avaliação. Os demais preferiram ser demitidos. Segundo a reportagem da Folha, a recontratação também será feita com um salário 50% menor que os funcionários recebiam antes.
Após a divulgação do caso, o DNIT publicou uma nota de esclarecimento em seu site, afirmando que não teve qualquer participação na elaboração do questionário realizado para a contratação de terceirizados pelo Consórcio Processamento e Tecnologia.
“O conteúdo aplicado foi de exclusiva responsabilidade e iniciativa do Consórcio, a quem compete a obrigação de selecionar profissionais com o perfil de excelência exigido por este órgão na prestação dos serviços”, traz um trecho da publicação. A nota também fala sobre a redução no quadro de funcionários: “a redução do quadro de funcionários terceirizados ocorreu exclusivamente em função dos referenciais estabelecidos na Lei Orçamentária de 2019, reduzindo o valor de custeio destinado à Autarquia”. O DNIT afirma que vai apurar junto ao CPT eventuais responsabilidades sobre o assunto.
Já a assessoria de imprensa do Consórcio Processamento e Tecnologia disse que o objetivo do questionário era entender e buscar um funcionário isento para trabalhar com o sistema e os processos que serão analisados. O CPT é composto pelas empresas Serget Mobilidade Viária Ltda, DCT Tecnologia e Serviços Ltda e EGL Engenharia Ltda.
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