Política

Em nova fase, Lava Jato mira empreiteira ítalo-argentina por corrupção

A empreiteira Techint é suspeita de integrar clube de empresas que desviavam recursos da Petrobras

A fachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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A Polícia Federal deu início na manhã desta quarta-feira 23 à fase 67 da Operação Lava Jato, para apurar corrupção passiva, ativa e lavagem de capitais. Denominada Tango & Cash, a investigação mira a empreiteira ítalo-argentina Techint, suspeita de integrar um cartel de empresas formado para fraudar licitações, corromper agentes públicos e desviar recursos da Petrobras. O Ministério Público Federal identificou ao menos 16 empresas suspeitas de integrar o “clube”, que tinha regras para “fatiar” obras públicas de 2004 a 2012.

A PF determinou o bloqueio de bens no valor de 1,7 bilhão de reais dos investigados. Os investigadores acreditam que as propinas pagas correspondiam a 2% do valor de cada contrato, o que pode ter gerado o pagamento de 60 milhões de reais.

A apuração vai checar se o grupo empresarial repassava valores via empresas offshore a ex-diretores e ex-gerentes da Petrobras, mediante a celebração de contratos fraudulentos de assessoria/consultoria.

 

O nome do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato de Souza Duque, é um dos que constam na investigação. A suspeita é que ele tenha recebido 49 milhões em propina. Duque foi indicado para a empresa pelo Partido dos Trabalhadores, conforme disse José Dirceu em depoimento ao juiz Sérgio Moro no ano passado. Também são alvo os ex-diretores Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da área internacional, e o ex-gerente-geral da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, Fernando Carlos Leão de Barros. O primeiro recebeu 2,2 milhões de reais, em 2012, ‘sem razão econômica aparente’. Já o segundo teve bloqueados 3,25 milhões de dólares em contas bancárias no exterior.

Os procuradores do MPF identificaram indícios de favorecimento ao Grupo Techint em licitações na Bahia, a partir de 2007,  vencida em conjunto com a Andrade Gutierrez, e, em 2010, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Também no consórcio com o Grupo Odebrecht, em 2008, para construção do Gasduc III, no Rio Janeiro. Somente esses três contratos somaram mais de 3,3 bilhões de reais.

A suspeita é de que a empresa integre o “clube” que, até 2006, foi formado por nove grupos empresariais, Odebrecht, Setal-SOG, UTC, Camargo Correa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon e MPE. Posteriormente, o grupo percebeu que era necessário permitir a entrada de outras empresas, uma vez que grandes empreiteiras brasileiras estavam de fora e isso ainda permitia certa concorrência nas licitações.

Nesta quarta, agentes cumprem 23 mandados de busca e apreensão no Estado de São Paulo, nas cidades de São Paulo, Campinas e Barueri; no Estado do Rio, nas cidades de Rio de Janeiro, Petrópolis, Niterói e Angra dos Reis; e no Paraná, na cidade de Matinhos. Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.

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