Política

Em meio à outra crise, Temer torce por hexa, mas é rejeitado pela CBF

Confederação diz que não irá a Brasília caso título venha, enquanto emedebista busca uma solução para o Ministério do Trabalho

A CBF deixou claro que não visitará Temer se a seleção for hexa
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Michel Temer assistiu ao último jogo da seleção brasileira acompanhado do fiel escudeiro Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, e de seu filho. Se o Brasil chegar à final e for campeão, o presidente terá alguma tranquilidade até o domingo 15, data da partida decisiva. Depois, terá de encarar a realidade de um governo em declínio, no qual Padilha é obrigado a acumular duas pastas para tapar o buraco deixado pela Polícia Federal no Ministério do Trabalho.

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O hexa pode até vir, mas ainda assim Temer não teria a honra de levantar a taça. A Confederação Brasileira de Futebol avisou que não irá à Brasília caso conquiste o Mundial. Se for festivo, o retorno da Rússia será no Rio de Janeiro. No início do ano, o técnico Tite adiantara que não iria à capital federal “nem na ida e nem na volta”, fosse campeão ou não. Seria a primeira vez que um presidente não recepcionaria a seleção desde a Copa de 1970.

A Copa reforça a irrelevância do atual governo, desprestigiado até por uma confederação envolvida em acusações de corrupção, assim como o mandatário da República. Antes mesmo do Mundial começar, Temer atingiu a popularidade mais baixa de um presidente desde o fim da ditadura, sofreu para dar fim à paralisação de caminhoneiros e assistiu ao avanço das investigações contra ele no setor portuário. Agora, convive com mais uma crise, embora ofuscada pelo Mundial de futebol.

Entregue por Temer ao PTB, o Ministério do Trabalho foi praticamente interditado ao partido por investigadores e pela Justiça. As três fases da Operação registro Espúrio, que investigam fraudes em registros sindicais, miraram em diversos integrantes da legenda.

Primeiro, os deputados petebistas Joavir Arantes (GO) e Wilson Filho (PB) foram alvos de busca e apreensão. Em seguida, a operação alvejou a deputada Cristiane Brasil, impedida no início do ano pelo STF de assumir o ministério após ter sido condenada em ações trabalhistas. Seu substituto na pasta, o petebista Helton Yomura, foi afastado pela Corte nesta quinta-feira 5 por suspeita de envolvimento no esquema.

As investigações chegaram até o Secretário de Governo, Carlos Marun, ex-aliado de cunha e articulador político de Temer. A PF pediu para fazer buscas em endereços do ministros após conversas interceptadas apontarem para sua participação. Em meio à devassa dos investigadores, o ministério foi assumido interinamente por Padilha. O PTB colocou a pasta à disposição de Temer, informou Roberto Jefferson, presidente do partido, também investigado pelo esquema.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, um dos cotados por Temer para assumir efetivamente o ministério é o advogado Almir Pazzianotto, que já fez críticas à reforma trabalhista sancionada pelo presidente. Assumir em meio à uma investigação tão ampla na pasta certamente não será uma tarefa fácil.

Apesar da nova crise instalada no governo, Temer se beneficia do desinteresse crescente da população sobre seu governo e das atenções voltadas ao Mundial. Após a Copa, o País voltará à sua rotina de desilusões. Se a taça vier, ao menos haverá alguns dias de comemoração. Mas Temer não fará parte da festa.

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