Política

Em livro, Villas Bôas confirma que pressão sobre o STF contra Lula foi articulada pela cúpula do Exército

Ex-comandante também garante que Fernando Haddad assumiria ‘normalmente’ se tivesse vencido Jair Bolsonaro nas eleições de 2018

Eduardo Villas Bôas. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, confirmou a articulação militar para pressionar o Supremo Tribunal Federal a não aceitar um habeas corpus apresentado pelo ex-presidente Lula, em 2018, para recorrer de condenação em liberdade.

Segundo declarações publicadas no livro “General Villas Bôas: Conversa com o comandante”, lançado pela Editora FGV, as polêmicas declarações em tom de ameaça foram redigidas a várias mãos no Alto Comando do Exército.

Na véspera do julgamento no STF, 3 de abril de 2018, Villas Bôas declarou nas redes sociais que o Exército “julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”.

“O texto teve um ‘rascunho’ elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília. No dia seguinte da expedição, remetemos para os comandantes militares de área. Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo expediente, até por volta das 20 horas, momento que liberei para o CComSEx (Setor de comunicação do Exército) para expedição”, afirma o general no livro, conforme citação do jornal O Globo.

Na longa entrevista que deu origem à obra, concedida ao diretor do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da FGV, Celso Castro, Villas Bôas tenta justificar a postura adotada pelo Exército naquela oportunidade. Uma das razões apresentadas é o suposto aumento dos pedidos de intervenção militar, o que teria explicado a atitude, a fim de conter uma possível convulsão social.

Para ele, entretanto, a mensagem endereçada à Suprema Corte “tratava-se de um alerta, muito antes que uma ameaça”.

Villas Bôas também afirma no livro que se Fernando Haddad (PT) tivesse derrotado Jair Bolsonaro em 2018, “assumiria normalmente e a postura do Exército seria de cumprimento da Constituição”.

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