Política
Em live, Bolsonaro mente ao dizer que vacina não é recomendável para quem já teve Covid
Autoridades sanitárias reforçam que é necessário se vacinar mesmo após ter contraído a doença
O presidente Jair Bolsonaro reproduziu uma informação falsa ao afirmar, nesta quinta-feira 30, que a vacina contra a Covid-19 não é recomendável para quem já contraiu a doença. A declaração ocorreu durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Bolsonaro disse que viu essa “informação” em uma reportagem, mas não citou o veículo. Antes disso, fez referência a uma publicação do site El País, que divulgou, em 2 de junho deste ano, uma matéria intitulada Infectados são capazes de gerar anticorpos contra o coronavírus pelo resto da vida.
“Olha o que aparece por aí. El País: Infectados são capazes de gerar anticorpos contra o coronavírus pelo resto da vida. Tem outra matéria aqui… Uma outra matéria também aqui, fugiu daqui, né, dizendo que a vacina, para quem já foi infectado, não é recomendável. Por que não é recomendável? Porque quem já foi, contraiu o vírus, tem mais anticorpos do que qualquer pessoa que tenha tomado qualquer vacina”, disse Bolsonaro.
A afirmação, porém, não condiz com as orientações de autoridades sanitárias.
Em recomendações atualizadas em 22 de setembro, a Organização Mundial da Saúde diz que “mesmo quem já teve Covid-19 deve ser vacinado”. A instituição explica que a proteção que alguém adquire por ter Covid-19 varia de pessoa para pessoa e não se sabe quanto tempo dura a imunidade natural.
Em recomendação de 7 de junho, a Fundação Oswaldo Cruz, que produz a vacina da AstraZeneca, também escreveu que “mesmo quem já teve Covid-19 deve ser imunizado”. Segundo a Fiocruz, nesses casos é preciso aguardar um mês, com contagem válida a partir do 1º dia de sintoma ou, em caso de assintomáticos, após o resultado positivo do exame RT-PCR.
Em uma página de checagem de informações falsas, o Instituto Butantan, que produz a vacina Coronavac, diz que é fake a afirmação de que “quem já teve Covid-19 não precisará receber a vacina”. O laboratório afirma que “a maioria das pessoas que tiveram Covid-19 gera resposta imune, mas nem todos os casos têm resposta protetora e/ou duradoura”. A instituição prossegue: “Portanto, as pessoas que tiveram Covid-19 deverão receber a vacina”.
Durante a transmissão, Bolsonaro não só difundiu mentiras sobre a vacina da Covid-19, como fez propaganda de medicamentos ineficazes. A utilização desses remédios está no centro do episódio que envolve a rede de saúde Prevent Senior, cujos pacientes contaminados não teriam sido informados sobre a administração de drogas como hidroxicloroquina e azitromicina.
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